Penas e gozos caracterizam o pensamento
dicotômico, em que o 1.º termo assume papel relevante, de mais ênfase.
Significa dizer que o sofrimento, a dor, a pena são maiores ou mais sentidos do
que o prazer, o gozo, a alegria. Este tema evoca uma reflexão sobre a nossa existência
no planeta Terra, classificado por Allan Kardec, como um mundo de provas
e expiações.
Há possibilidade de separarmos o mundo
terreno do mundo espiritual? Quer dizer, estando sob o jugo da matéria, o
espiritual estará esquecido? Não, o que Allan Kardec está fazendo é um estudo
didático: primeiro analisa as penas e gozos terrenos; depois trata das penas e
gozos futuros. Mas como os Espíritos veem a Terra? Eles sempre falam de um
educandário, de um hospital, onde os seus habitantes estão purgando o mal, a
fim de se potencializarem na prática do bem. Dessa forma, o nosso ponto de
partida é o de que a Terra, sendo um mundo de provas e expiações, o mal nela
predomina.
Observemos
a felicidade. Será que
podemos ser felizes ao lado de irmãos que não têm o necessário para o sustento
físico? E por que esses são a maioria? É justamente devido à condição de nosso
Planeta. Nesse sentido, nunca poderemos ter uma felicidade plena, a menos que
não importemos com o nosso irmão menos aquinhoado. Quem pensa no irmão em
dificuldade, dificilmente sentir-se-á feliz. É por isso que o justo é infeliz,
pois lutando por uma distribuição mais justa tanto das riquezas materiais como
espirituais, será sempre mal compreendido, além de ser desprezado, como o
próprio Jesus e outros tantos missionários o foram.
Quais seriam, entretanto, as fontes de infelicidade? Perda de entes queridos, mortes prematuras, antipatias,
ingratidão e doenças várias. Dentre elas, a ingratidão assume papel
significante. Como, porém, enfrentar essa situação? Lembrando-nos de que a
ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta encontrará mais tarde corações
insensíveis como ele próprio o foi. Além do mais, a ingratidão é uma prova para
persistência na prática do bem. Convém ter para com eles muita tolerância e paciência,
assim como o Pai Celestial teve e está tendo para conosco.
No meio desses dissabores, o suicídio, que
é fruto do desgosto pela vida, corrói as nossas fibras mais íntimas. O que é
que leva algumas pessoas ao suicídio? A ociosidade, a falta de fé e a má gestão
da sociedade. Assim sendo, sabedores de que a sociedade pode ser injusta, no
sentido de não nos oferecer a oportunidade para o sustento de nossa vida,
convém não nos desesperamos, quando tal nos acontecer. A beleza não está na
facilidade, mas na luta contra as adversidades e revezes, os quais serão
levados em conta quando passarmos para a outra dimensão da existência.
Como o nosso mundo é dicotômico, ao lado
dos sofrimentos, temos também alegrias, principalmente no contato com os amigos
que se afeiçoam com o nosso modo de ser, incentivando-nos e dando-nos forças
para continuarmos o cumprimento de nosso dever.
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