19 outubro 2005

Penas e Gozos Terrenos

Penas e gozos caracterizam o pensamento dicotômico, em que o 1.º termo assume papel relevante, de mais ênfase. Significa dizer que o sofrimento, a dor, a pena são maiores ou mais sentidos do que o prazer, o gozo, a alegria. Este tema evoca uma reflexão sobre a nossa existência no planeta Terra, classificado por Allan Kardec, como um mundo de provas e expiações.

Há possibilidade de separarmos o mundo terreno do mundo espiritual? Quer dizer, estando sob o jugo da matéria, o espiritual estará esquecido? Não, o que Allan Kardec está fazendo é um estudo didático: primeiro analisa as penas e gozos terrenos; depois trata das penas e gozos futuros. Mas como os Espíritos veem a Terra? Eles sempre falam de um educandário, de um hospital, onde os seus habitantes estão purgando o mal, a fim de se potencializarem na prática do bem. Dessa forma, o nosso ponto de partida é o de que a Terra, sendo um mundo de provas e expiações, o mal nela predomina.

Observemos a felicidade. Será que podemos ser felizes ao lado de irmãos que não têm o necessário para o sustento físico? E por que esses são a maioria? É justamente devido à condição de nosso Planeta. Nesse sentido, nunca poderemos ter uma felicidade plena, a menos que não importemos com o nosso irmão menos aquinhoado. Quem pensa no irmão em dificuldade, dificilmente sentir-se-á feliz. É por isso que o justo é infeliz, pois lutando por uma distribuição mais justa tanto das riquezas materiais como espirituais, será sempre mal compreendido, além de ser desprezado, como o próprio Jesus e outros tantos missionários o foram.

Quais seriam, entretanto, as fontes de infelicidade? Perda de entes queridos, mortes prematuras, antipatias, ingratidão e doenças várias. Dentre elas, a ingratidão assume papel significante. Como, porém, enfrentar essa situação? Lembrando-nos de que a ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta encontrará mais tarde corações insensíveis como ele próprio o foi. Além do mais, a ingratidão é uma prova para persistência na prática do bem. Convém ter para com eles muita tolerância e paciência, assim como o Pai Celestial teve e está tendo para conosco.

No meio desses dissabores, o suicídio, que é fruto do desgosto pela vida, corrói as nossas fibras mais íntimas. O que é que leva algumas pessoas ao suicídio? A ociosidade, a falta de fé e a má gestão da sociedade. Assim sendo, sabedores de que a sociedade pode ser injusta, no sentido de não nos oferecer a oportunidade para o sustento de nossa vida, convém não nos desesperamos, quando tal nos acontecer. A beleza não está na facilidade, mas na luta contra as adversidades e revezes, os quais serão levados em conta quando passarmos para a outra dimensão da existência.

Como o nosso mundo é dicotômico, ao lado dos sofrimentos, temos também alegrias, principalmente no contato com os amigos que se afeiçoam com o nosso modo de ser, incentivando-nos e dando-nos forças para continuarmos o cumprimento de nosso dever.





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