A lucubração acerca do
desconhecido é sem limite. Estamos sempre procurando algo além do dia que
passa. E o futuro, não são poucos os que dele falam. Profetas, videntes,
futurólogos, sensitivos etc.
O futuro relaciona-se com o
tempo. Mas que é o tempo? Há muita dificuldade em defini-lo. Santo Agostinho,
por exemplo, dizia-nos que se não lhe perguntassem sabia o que era, mas quando
lhe perguntavam já não sabia mais. Por que? Observe o ano que corre. Ele é
presente. Porém, estamos num determinado mês. Ora, todos os meses para frente
são futuro, e todos os meses para trás, passado. O mesmo raciocínio pode ser
feito com relação aos dias do mês. Do mesmo modo são as horas do dia. Quer
dizer, no infinitamente pequeno, presente, passado e futuro se confundem.
Há possibilidade de
conhecer o futuro? Como? Allan Kardec, no capítulo XVI do livro A
Gênese,
vale-se de uma comparação para se fazer entender. Diz ele: suponha um homem no
pé da montanha e outro no topo. O do topo vê todo o caminho futuro, enquanto o
debaixo não. O homem situado no alto pode descer da montanha e dizer para o que
ficou em baixo: olha, mais à frente você será assaltado, alguém irá te ajudar,
outro dar-te-á alimento etc. Quer dizer, o futuro para o homem debaixo é
presente para o homem situado no topo.
Saindo do âmbito das coisas
puramente materiais e entrando, pelo pensamento, no domínio da vida espiritual,
veremos que a capacidade de conhecer o futuro depende do grau de evolução
alcançado pelo Espírito. Assim, quanto mais desmaterializado for, maior será a
visão do futuro, porque nada lhe impede os voos do Espírito. Àquele agarrado à
matéria, a dificuldade é maior, porque esta obnubila a transcendência para o
além.
O futuro pode ser conhecido. Mas deve ser revelado? Os
Espíritos advertem-nos que o futuro não deveria ser revelado para atender à vã
curiosidade, mas para atender a um fim útil e sério. Profetas, videntes,
médiuns e sensitivos podem, à sua revelia e através dos sonhos, da êxtase e
dupla vista, receber prenúncios de um acontecimento futuro. Se tudo for
revelado, como fica o exercício do livre arbítrio daquele que recebeu o aviso?
Esta é a grande questão que deve ser levada em conta.
Os tempos
mudam. Hoje, com o desenvolvimento da ciência, já não se comporta mais uma
linguagem chula e cheia de mistérios. Os videntes devem falar mais como uma
advertência do que como uma fatalidade.
Fonte de
Consulta
KARDEC, A. A
Gênese. 17
ed., (popular), Rio de Janeiro, FEB, 1975.
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