A mística -
do grego mystica, de myo, eu calo, é o termo utilizado
para retratar a atividade que produz o contato da alma individual com o
princípio divino. O modelo do pensamento místico é baseado no retiro de mundo,
ou no desligamento das coisas do mundo e no da união com Deus para receber suas
luzes.
A iluminação súbita pode ser verificada pesquisando a
biografia dos grandes pensadores. O filósofo Sócrates que viveu no século V a.
C. teve seu insight depois de uma visita que fizera ao Oráculo de Delfos,
quando, a partir daí, passou a ensinar o conteúdo da autoconsciência do homem.
René Descartes (1596-1650) teve sonhos que lhe indicaram sua missão divina:
construir o método para a nova ciência. O íntimo da maioria dos grandes
pensadores mostra essa relação com o divino.
O
retiro do mundo marca o modo e vida dos religiosos. Hugo de São Vitor
distinguia cinco graus ascéticos: primeiro, lectio ou doutrina; segundo, a santa meditação;
terceiro, a oração; quarto, a operação; quinto, a contemplação. Em França, no
século XVII, funda-se o Oratório, uma instituição religiosa, cujo objetivo era
não uma Doutrina Comum mas uma tendência comum para a vida interior e mística,
concedendo aos seus adeptos a liberdade mais completa de reverenciar Deus.
Como interpretar o
modelo do pensamento místico à luz do Espiritismo? No capítulo I de A Gênese, Allan Kardec trata do problema da
revelação divina. Diz-nos que a revelação direta de Deus não é impossível,
porém faz-nos entender que a revelação é feita através da mediunidade, ou seja,
pelos Espíritos mais próximos de Deus que pela perfeição se imbuem do seu
pensamento e podem transmiti-lo. O codificador do Espiritismo pretende, ao
analisar o caráter da revelação espírita, desmistificar a facilidade da
obtenção do conhecimento divino. Diz-nos que a revelação espírita é de origem
divina e da iniciativa dos Espíritos, sendo sua elaboração fruto do trabalho
científico do homem. Procede da mesma forma que as ciências naturais: observa,
formula hipóteses e tira conclusões.
Algumas seitas pregam a
vida de isolamento e o voto de silêncio. Os Espíritos superiores, referindo-se
à Lei de Sociedade, advertem-nos o seguinte: se o indivíduo se isola com a
finalidade de melhorar a sociedade em que vive, é meritório; se, ao contrário,
é para fugir do contato humano, é condenável, pois implica na satisfação do
egoísmo.
A missão do Espiritismo
é libertar a consciência do indivíduo, projetando-lhe a luz da razão. O
Espírita necessita do isolamento, do silêncio e da reflexão, contudo, deve
certificar-se de que esse estado de espírito esteja sendo encaminhado para a
melhoria de si mesmo e do meio em que habita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário