Paz – do lat. pax, pacis –
é a tranquilidade da ordem. É a aspiração fundamental de cada homem e de toda a
humanidade, a ponto de seu conceito quase ser confundido com o de
felicidade. Espada – do gr. spáthe, pelo
lat. spatha – é a arma branca, formada de uma lâmina comprida
e pontiaguda, de um ou dois gumes. Símbolo do Estado Militar e de sua virtude.
Relacionada com a balança, significa justiça: separa o bem do mal, julga o
culpado.
A paz e a espada representam um ensinamento
transmitido por Jesus. São Mateus, no cap. X, v. 34 a 36, narra essa passagem
evangélica nos seguintes termos: "Não penseis que eu vim trazer paz sobre
a Terra; eu não vim trazer a paz, mas a espada; porque eu vim separar o homem
de seu pai, a filha de sua mãe e a nora de sua sogra; e o homem terá por
inimigos os de sua casa". São Lucas, no cap. XII, v. 49 a 53, trata do
mesmo assunto, acrescentando que Jesus viera lançar fogo sobre a Terra e tinha
pressa que ele se acendesse.
O ensinamento da paz e da espada, como tantos outros ensinamentos
trazidos por Jesus, possui conteúdo alegórico. A interpretação do referido
trecho varia de seita para seita. A espada do Cristo, que era de fraternidade, passa
a ser instrumento de violência e opressão nas mãos dos propagadores de
determinadas seitas. Os próprios cristãos, de perseguidos, passam a ser
perseguidores. Não é, pois, de se estranhar que as guerras religiosas
destruíram mais do que as guerras políticas.
Toda a ideia nova gera oposição. Eis a correta interpretação dessa
passagem evangélica. O "novo", quando fundamentado na lógica e na
razão, fere interesses pessoais. Isso acontece na Ciência, na Filosofia e,
também, na Religião. Por isso a importância da nova ideia é proporcional à
resistência encontrada. Pois, se julgada sem consequência, deixá-la-iam passar,
mas, como se sentem ameaçados, fazem de tudo para dificultar a sua propagação.
O Espiritismo, à semelhança do Socratismo e do Cristianismo, traz um
novo paradigma para a humanidade, e pode ser interpretado como uma nova espada.
Não será aceita sem lutas, controvérsias e oposições. Sua pujança não está nas
disputas sangrentas, mas na modificação interior que proporciona a cada um de
seus adeptos. A questão da espada será muito mais uma guerra de cada um contra
si mesmo e contra todo o mal, fazendo com que possamos ser "promotores da
paz".
A paz não é sinônimo de beatitude. É um estado de tranquilidade de
consciência durante e após a luta contra o comodismo pessoal, as injustiças e
as desigualdades sociais.
Um comentário:
Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, ... Coais um mosquito e engolis um camelo. Mateus 23.23,24 ....
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