Revisão do Cristianismo, de José Herculano Pires, foi publicado em 1980,
pela Paideia, e trata dos seguintes assuntos: "A Descoberta do
Cristo", "A Mitologia Cristã", "A Herança Mágica",
"A Revelação", "O Culto Cristão", "O Olimpo
Cristão", "Cristo e o Mundo", "A Desfiguração do
Cristo", "Os Mandatários de Jesus", "A Existência de
Jesus", "A Razão do Mito", "O Mito da Razão" e
"Matéria, Mito e Antimatéria".
Tônica do livro: distinguir o mito da realidade.
Por que fazer uma revisão do Cristianismo? Para aclarar o maior número de
mentes acerca dos erros e das superstições mitológicas ocorridos ao longo do
tempo. Jesus combateu a magia e os mitos, mas o Cristianismo se organizou na
sistemática mitológica e acabou transformando o próprio Mestre em mito. Há
necessidade de um ato de coragem para revisar o cristianismo à luz da lógica e
crítica histórica. Os efeitos, contudo, seriam admiráveis.
Renan, através das pesquisas históricas, e Kardec, através das comunicações
mediúnicas, chegaram às conclusões de que os ensinos morais do mestre são os de
real valor. A revelação, por exemplo, tem no Espiritismo um caráter humano e
divino.
Herculano Pires enfatiza, neste compêndio, a influência grega na edificação do
Cristianismo: 1) Jesus recebera um nome grego que ele jamais tivera, e que
passaria a designar o futuro de sua doutrina; 2) a assimilação das doutrinas de
Platão, por Santo Agostinho, e de Aristóteles, por São Tomás de Aquino,
completariam o quadro dessa influência.
Como todo o livro está centrado na questão do mito, explica-nos que a inclusão
de Cristo como a segundo pessoa de Deus na Mitologia Cristã, advém de outros
mitos, principalmente do mito da trindade egípcia, formada por Osíris, Ísis e
Hórus.
No capítulo II, "A Mitologia Cristã", tece comentários sobre o
Espírito da Verdade (João 16, 12 e 13), cujo texto trata da promessa de Cristo
sobre a vinda de um Espírito que nos guiará por toda a verdade. Herculano diz:
"O Espírito da Verdade não é uma entidade definida, uma criatura humana ou
espiritual, mas simplesmente a essência do ensino de Jesus, que se
restabeleceria através dos homens que mais rapidamente se aproximassem da sua
verdadeira compreensão".
Detalhemos um pouco mais a questão do mito e da razão:
A adoração do religioso funda-se em algum tipo de racionalidade; a adoração
mágica altera os textos sagrados para atender às conveniências sectaristas.
Exemplo: cobrança de indulgências.
O
Olimpo Cristão é uma cópia do Olimpo Grego, em que aqueles deuses são
substituídos pelos deuses de batina, onde se encontram diversos absurdos:
criação da Santíssima Trindade, infalibilidade papal, arrogância clerical em
relação à ciência.
A imaginação humana, aliada às paixões, criaram,
talvez pela influência de Espíritos inferiores (falta de vigilância), teorias e
práticas ridicularizantes para desfigurarem a imagem real do Cristo e imposição
da mitologia.
Renan, corajoso em suas pesquisas, reconhece a
existência histórica de Jesus, mas não aceita a divindade dada pelos teólogos.
Kardec, por outro lado, contesta o nascimento virginal de Jesus, afirmando que
Jesus era um homem como outro qualquer, com a missão de regenerar a população.
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