04 junho 2022

Ordem para o Estudo da Doutrina Espírita

Na apresentação de a Revista Espírita de 1858, a primeira a ser editada, num total de 12, traduzida do francês por Júlio Abreu Filho, e publicada pela EDICEL, há uma indicação da ordem desses estudos, reportando-se ao capítulo 3.º de O Livro dos Médiuns, constando a seguinte sequência: 1.º) O que é o Espiritismo?; 2.º) O Livro dos Espíritos; 3.º) O Livro dos Médiuns; e 4.º) a Revista Espírita.

Allan Kardec considera o primeiro livro como de simples introdução, os dois seguintes como fundamentais e a Revista Espírita como obra complementar, no sentido de completar os ensinamentos contidos em O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns.

Em Obras Póstumas, no capítulo X da Constituição do Espiritismo lemos: "Revista tem sido e não podia ser até hoje senão uma obra pessoal, visto que faz parte das nossas obras doutrinárias, servindo de anais do Espiritismo. É por ela que todos os nossos princípios são elaborados e sujeitos a estudo. Era pois necessário que conservasse o seu caráter individual para fundar a unidade".

Cópia a partir do capítulo III, de O Livro dos Médiuns

35. Para aqueles que desejarem adquirir esses conhecimentos preliminares através das nossas obras, aconselhamos a seguinte ordem:

1º) O QUE É O ESPIRITISMO: esta brochura, de apenas uma centena de páginas, apresenta uma exposição sumária dos princípios da Doutrina Espírita, uma visão geral que permite abranger o conjunto num quadro restrito. Em poucas palavras se percebe o seu objetivo e se pode julgar o seu alcance. Além disso, apresenta as principais perguntas ou objeções que as pessoas novatas costumam fazer. Essa primeira leitura, que exige pouco tempo, é uma introdução que facilita o estudo mais profundo.([10])

2º) O LIVRO DOS ESPÍRITOS: contém a doutrina completa ditada pelos Espíritos, com toda a sua Filosofia e todas as suas consequências morais. É o destino do homem desvelado, a iniciação ao conhecimento da natureza dos Espíritos e os mistérios da vida de além-túmulo. Lendo-o, compreende-se que o Espiritismo tem um objetivo sério e não é um passatempo frívolo.

3º) O LIVRO DOS MÉDIUNS: destinado a orientar na prática das manifestações, proporcionando o conhecimento dos meios mais apropriados de nos comunicarmos com os Espíritos. É um guia para os médiuns e para os evocadores e o complemento de O Livro dos Espíritos.

4º) A REVISTA ESPÍRITA: uma variada coletânea de fatos, de explicações teóricas e de trechos destacados que completam a exposição das duas obras precedentes, e que representa de alguma maneira a sua aplicação. Sua leitura pode ser feita ao mesmo tempo que a daquelas obras, mas será mais proveitosa e mais compreensível sobretudo após a de O Livro dos Espíritos.

Isso no que nos concerne. Mas os que desejam conhecer completamente uma ciência devem ler necessariamente tudo o que foi escrito a respeito, ou pelo menos o principal, não se limitando a um único autor. Devem mesmo ler os prós e os contras, as críticas e as apologias, iniciar-se nos diferentes sistemas a fim de poder julgar pela comparação. Neste particular, não indicamos nem criticamos nenhuma obra, pois não queremos influir em nada na opinião que se possa formar. Levando nossa pedra ao edifício, tomamos apenas o nosso lugar. Não nos cabe ser ao mesmo tempo juiz e parte e não temos a pretensão ridícula de ser o único a dispensar a luz. Cabe ao leitor separar o bom do mau, o verdadeiro do falso.([11])

Cabe aqui acrescentar os demais livros da codificação, ou seja, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno (ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo), A Gênese (Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo) e Obras Póstumas. (N. da E.)

[10] Apesar de já estarmos há mais de cem anos do lançamento desse pequeno livro, ele se conserva oportuno e até mesmo de leitura obrigatória para principiantes. E podemos acrescentar que mesmo os adeptos mais experimentados deviam relê-lo de vez em quando. (N. do T.)

[11] A conhecida modéstia de Kardec, bem demonstrada nestas palavras, leva algumas pessoas a não reconhecerem o valor fundamental da sua obra, que aliás não é apenas dele, mas principalmente dos Espíritos Superiores. Essa atitude, entretanto, reforça ainda mais a sua posição de Codificador, pois os verdadeiros missionários não se arrogam superioridade e os verdadeiros mestres querem, antes de mais nada, o desenvolvimento da compreensão própria e da capacidade de discernimento dos discípulos. (N. do T.)

 

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