“Esperanças
e Consolações” é o título do Livro IV, de O Livro dos Espíritos, de Allan
Kardec, e trata das penas e dos gozos terrenos e futuros. Abaixo estão algumas anotações:
A felicidade e a
infelicidade são relativas. A felicidade e a infelicidade são o reflexo do
ponto de vista de cada um de nós. Se dermos demasiada importância às coisas
deste mundo, tão logo surja um fracasso de nossa vaidade, sentir-nos-emos
extremamente infelizes. Se, porém, elevarmos o nosso pensamento ao infinito, as
vicissitudes da vida parecerão mesquinhas e pueris.
Perda de entes queridos. O consolo a respeito da perda de entes querido pode vir do seguinte
pensamento: dois amigos estão numa mesma cela da prisão; ambos devem ter um
dia a liberdade, mas um deles a obtém primeiro. Seria caridoso que aquele que
continua preso se entristecesse por ter o seu amigo se libertado antes? Quer
dizer, lamentar a partida do ente querido é impedir que este seja feliz.
A ingratidão, as
decepções e a quebra de afeições. A percepção desses estados da alma
deve ser considerada como uma prova para a nossa persistência na prática do
bem. Tomemos a ingratidão, que é filha do egoísmo. De acordo com as instruções dos
Espíritos, o egoísta encontrará mais tarde corações insensíveis como ele
próprio o foi.
Uniões antipáticas. As uniões
antipáticas fundamentam-se em duas espécies de afeição: a do corpo e a da
alma. A afeição da alma, quando pura e
simpática, é duradoura; a do corpo, perecível: eis porque os que se julgam amar
com um amor eterno acabam se odiando, quando passa a ilusão.
Preocupação com a morte. O
ensinamento religioso a respeito de um paraíso e de um inferno, e que a maioria
irá para o inferno, recebido em tenra idade, tem grande influência no medo da
morte. Os princípios doutrinários espíritas apontam para uma vida futura, feliz ou infeliz, de
acordo com as práticas de cada dia, o que nos traz grande consolo.
Desgosto pela vida. Suicídio. O suicídio
é o efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da sociedade. Para
aqueles que exercem as suas aptidões naturais para um fim útil, longe estarão
desses pensamentos infelizes, pois suportam as suas vicissitudes com tanto mais
paciência e resignação, quanto mais agem tendo em vista a felicidade mais
sólida e mais durável que os espera.
O nada. A vida futura. A
percepção de uma vida futura é decorrente da pré-existência da alma. Antes da
encarnação o Espírito conhece todas essas coisas, e a alma guarda uma vaga
lembrança do que sabe e do que viu no estado espiritual.
Intuição das penas e dos gozos futuros. É o pressentimento da realidade, dado ao homem pelo seu Espírito.
Nesse sentido, deveríamos dar mais valor à nossa voz interior, que procura sempre nos
encaminhar para a nossa própria felicidade.
Intervenção de Deus nas penas e recompensas. Todos estamos submetidos às suas leis. Ao violarmos as leis de Deus,
sofremos a consequência dessa violação. Nesse caso, não nos devemos
queixar senão de nós mesmos, que nos fazemos assim os artífices de nossa
felicidade ou de nossa infelicidade futura.
Natureza das penas e
dos gozos futuros. Desde que a alma não é
matéria, as penas e os gozos não podem ser materiais. O Espírito, uma vez
desprendido, é mais impressionável: a matéria não mais lhe enfraquece as
sensações.
Penas temporais. São períodos
necessários para o refazimento do Espírito e a sua preparação para novos
desafios, tanto no plano material quanto no plano espiritual.
Expiação e arrependimento. O arrependimento
auxilia a melhora do espirito, mas o passado deve ser expiado.
Duração da penas futuras. A duração diz
respeito ao tempo necessário para o melhoramento do Espírito.
Ressurreição da carne. Embora tenha sido
mal interpretada pelos religiosos, o dogma da ressureição da carne nada mais é
do que a consagração da reencarnação ensinada pelos Espíritos.
Paraíso, inferno,
purgatório e paraíso perdido. Não são lugares circunscritos, mas o
estado da alma do ser vivente.
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