Evangelho – Do grego Euangelion (eu
= boa eangelion = notícia) que significa boa notícia. Para os
gregos mais antigos, ela indicava a "gorjeta" que era dada a quem
trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a significar uma
"boa-nova", segundo a exata etimologia do termo. Politicamente, na época de Jesus, havia o domínio
do Império romano; religiosamente, o Judaísmo. Embora o
cristianismo seja uma religião revelada, diferente da judaica, apareceu
historicamente como continuação e aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao
povo de Israel. Jesus era um judeu, que nasceu e viveu na Palestina. Os
apóstolos eram todos da sua gente e da sua religião. É dentro desse quadro que
nasce o Evangelho. Diz-se que há cinco tipos de Evangelho: 1) O Evangelho de Jesus – No Velho Testamento
há o anúncio do Messias, o Salvador. Jesus, quando encarnado, é não só o
conteúdo do anúncio, mas também o arauto. 2) O Evangelho dos Apóstolos – após a ascensão
de Jesus, é a pregação oral dos ensinamentos do Cristo, feito pelos apóstolos. 3) Os Quatro Evangelhos – Evangelho, no
singular, é a boa-nova trazida pelo Cristo. Evangelhos referem-se ao:
"Evangelho Segundo Lucas", "Evangelho Segundo Mateus",
"Evangelho Segundo Marcos" e "Evangelho Segundo João". 4) O Quinto Evangelho – Os Atos dos Apóstolos e
as Cartas Apostólicas, dispostos cronologicamente, formariam um quinto
evangelho. 5) Evangelhos Apócrifos – Muitas informações
acerca de Jesus estão arroladas nos evangelhos apócrifos (escondidos) e nas
ágrafas (ensino oral). (Battaglia, 1984) Os dizeres do Evangelho fundamentam-se no ensinamento religioso
revelado, como livros inspirados, que contêm a verdadeira história e o
verdadeiro ensinamento de Jesus. Os Evangelhos são o ponto de chegada da
salvação e ponto de partida rumo à perfeição definitiva por eles anunciada.
Observe que a Reforma Protestante do século XVI não tocou na doutrina da divina
inspiração da Bíblia, que pelo contrário foi formulada de maneira ainda mais
rígida. Que são os Evangelhos sinóticos? Por que Santo Agostinho usou a
frase "concordância discorde"? Sinótico. Do grego synóptikos "percebido
com uma só olhada". São os Evangelhos Segundo Marcos, Mateus e Lucas. Os
três seguem uma mesma linha de raciocínio. Contudo, há diversidade entre eles.
Cada evangelista tem um material próprio não transmitido por outros. Mateus tem
cerca de 330 versículos exclusivamente seus; Marcos, 30; Lucas, 548. Algumas
vezes não seguem a mesma ordem na disposição cronológica dos fatos. Sobre essas
discrepâncias, Santo Agostinho fala de "concordância discorde" e
atribuía a causa à influência recíproca, à personalidade própria de cada
escritor, e à orientação da inspiração de Deus. O Evangelho é interpretado como sendo Dynamis e Enérgeia divina. Dynamis e enérgeia,
além de pneuma e logos são termos da
terminologia científica que passaram rapidamente ao âmbito religioso,
exprimindo as forças e as virtudes sobrenaturais, das quais se consideravam
invadidas por elementos do universo. Paulo considerou então o Evangelho como
uma potência (dynamis), como uma força-energia (enérgeia), como
uma palavra dotada do Espírito divino (pneuma). Exemplo: escrevendo aos
romanos, ele afirma: "Não me envergonho do Evangelho: este é a potência de
Deus (dynamis) para a salvação de quem crê" (Rm 1,16). Em
Tessalonicense, 1,4; 2,13, há o uso dos outros termos. Allan Kardec na Introdução de O Evangelho Segundo o
Espiritismo diz que as matérias contidas nos Evangelhos podem ser
divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as
profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja
e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de
controvérsia, a última manteve-se inatacável. Este é o terreno onde todas as
crenças podem se reencontrar, porque não é motivo de disputas, mas sim regras de
conduta abrangendo todas as circunstâncias da vida, pública e privada. Bibliografia Consultada BATTAGLIA, 0scar. Introdução aos Evangelhos — Um Estudo
Histórico-crítico. Rio de Janeiro: Vozes, 1984. KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed.
São Paulo: IDE, 1984. Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/evangelho &&& Evangelho
Apócrifo Os Evangelhos Apócrifos são numerosos e das mais variadas
índoles: Evangelho da Infância de Jesus, Evangelho de Maria, dos Doze
Apóstolos, de São Pedro, de São Bartolomeu etc... Existe também o Evangelho
de Eva, de Zacarias, de Gamaliel e até de Judas Iscariotes. Em 1945, durante escavações no cemitério greco-romano da aldeia
de Naghamadi, 110 quilômetros ao norte de Lúxor, encontraram-se vários
manuscritos de inestimável valor, entre eles um Evangelho atribuído ao apóstolo
Tomé, “o da dúvida”. Em geral, o conteúdo dos Evangelhos Apócrifos
reflete uma imagem de Cristo que poderíamos chamar de “Cristo folclórico” O Evangelho da Infância de Jesus é
um dos mais “folclóricos”. 1) Contando Jesus cinco anos, certo dia, após
chuva, foi brincar com outros meninos, à beira do riacho. Construiu várias
poças de água; nelas amassou o barro, e com o barro amassado, fabricou doze
passarinhos. Certo homem que por lá cruzou, foi ter com José, pai de Jesus,
denunciando a este por estar fazendo aquilo no dia do Sábado. Veio José para o
riacho, e ralhou com seu filho. Este, então, dirigiu-se aos passarinhos de
barro e ordenou-lhes: — Ide, passarinhos, voai e lembrai-vos de mim. — E os
passarinhos saíram voando e cantando. Nisto, o filho de Ana, a sacerdotisa,
estragou, com seu galho de sauce seco, as poças que Jesus tinha construído.
Jesus zangou-se, e voltando-se para ele, disse: — Que teu braço se seque, como
esse galho com que destruístes minhas poças. E o braço do menino secou-se no
mesmo instante. Levado, porém, Jesus, à casa dos pais, e diante da dor geral da
família, compadeceu-se do menino e sarou o braço seco, restituindo-lhe o seu
vigor. 2) Um menino, por brincadeira, pula sobre as
costas de Jesus. Aí, Jesus zangou-se e, olhando-o, lhe disse: — Não chegarás
aonde ias — E o menino caiu fulminado e morto no chão. 3) Estava Jesus ainda no berço: e um dia olhou para sua mãe e
falou com ela, declarando-lhe os mistérios da encarnação: — Eu sou Jesus, o
Filho de Deus, o Verbo que tu engendraste, segundo to anunciou o arcanjo. São
Gabriel. Enviou-me o Pai para redimir o mundo dos seus pecados. Fonte de Consulta Titãs da Religião. Tradução J. Coelho de Carvalho. Rio de
Janeiro: Ateneo, s.d.p &&& Os Misteriosos Evangelhos Apócrifos (Livro) Os Arquivos Misteriosos do Vaticano Os textos apócrifos são considerados heresias,
uma vez que não foram adotados como oficiais e foram escritos por pessoas não
"qualificadas", por assim dizer, dentro da área religiosa. Heresia. Trata-se de
uma linha de pensamento que é diferente ou contrária a um credo já
estabelecido. A ortodoxia religiosa define a heresia como "um desvio da
verdade universal, de modo que mesmo se todos os seres humanos acreditarem num
erro, ele não passará, por isso, a ser verdade". Um ponto importante é entender que, embora o
termo heresia seja utilizado até hoje, ficou muito ligado à Idade Média e às
ações da atual Congregação para a Doutrina da Fé, o novo nome da Santa
Inquisição, que sobrevive até hoje. Como entender o processo pelo qual surgiu a
heresia? Desde os tempos de Jesus, há um esforço insistente para que o
cristianismo se tornasse uma religião unitária e universal. Tudo o que batesse
de frente como as ideias consagradas da igreja era considerado heresia. A
adoção da palavra "heresia" começou oficialmente com Irineu de Lyon
em sua obra Contra Haereses (Contra Heresias) para descrever e ao mesmo tempo
desacreditar seus oponentes no começo das atividades cristãs. O Evangelho de Judas Seu conteúdo polêmico fala sobre as relações
entre Judas, mais conhecido por todos como "o traidor", e Jesus
Cristo. Detalha, também, que a traição, tão pregada pela Igreja, foi bem
diferente de como todos conhecem, sendo uma maneira de o discípulo atender a um
pedido do próprio Jesus para que fosse denunciado aos romanos e, assim, cumprir
a sua missão. Judas não teria se enforcado. Segundo o texto,
ele teria se recolhido para o deserto, satisfeito por ter realizado sua grande
missão e atendido o pedido de Jesus. O Evangelho de Judas é considerado um texto gnóstico. Gnóstico
quer dizer conhecimento. Evangelho da Verdade Trata-se de um evangelho
não-canônico, que é conhecido por sua introdução: “O Evangelho da Verdade é
alegria.” É também conhecido como Especulação
Valentiniana e Evangelium
Veritatis. O evangelho
aqui significa apenas boas novas.
Contrário aos evangelhos canônicos, não tem a intenção de relatar toda a vida
de Jesus Cristo. É um trabalho cristão do tipo
gnóstico-valentiniano. A versão é cóptica. A palavra cóptica
vem do árabe kibt e significa egípcio.
A versão cóptica foi escrita em caracteres intimamente relacionados com o
alfabeto grego. Entretanto, a língua da sua (perdida) composição original era
mesmo o grego. O documento data, mais ou menos, do meio do primeiro século. O Evangelho da
Verdade foi descoberto por dois irmãos assassinos, filhos de um
homem recentemente assassinado, um pouco antes do natal de 1945. Só foi
publicado alguns anos depois. Outros tantos livros semelhantes existiram, mas
foram destruídos pelos cristãos ortodoxos com a intenção de negá-los à
Humanidade. O pensamento gnóstico que Evangelho da
Verdade contém persistiu, sobreviveu ao cristianismo e ainda
sobrevive. A descoberta dos textos de Nag
Hammadi, que incluem o Evangelho da
Verdade, num íngreme penhasco cheio de cavernas usadas como túmulos
há alguns milênios, deu novas esperanças aos gnósticos. Em dezembro de 1945, o filho do vigia
assassinado, Muhammad Al al-Samman, cavava com seu irmão Kalifah, naquela área,
em busca de nitrato. Como outros camponeses da região, eles estavam acostumados
a fazer isso para depois levar o fertilizante no lombo dos camelos para os
campos de cultivo perto de sua casa em Al-Qasr, no local da antiga
Chenobósquia. Enquanto cavavam, encontraram um jarro selado com betume. Se isso
houvesse ocorrido trinta anos depois, os irmãos apareceriam, por dinheiro, na
televisão, mas certamente não retornariam ao lugar onde acharam a urna, a não
ser, é claro que fossem subornados e usassem disfarces. A solidão das cavernas é área
adequada à meditação e ao enterro dos mortos. Jeremias, 32, cita o Deus dos
Judeus, proclamando que os livros para serem preservados, deveriam ser
“colocados dentro de jarros de barro”. O capítulo 36, entretanto, informa que a
destruição pelo fogo é o destino apropriado de toda literatura indesejada.
Portanto, aqueles que colocaram os documentos encontrados em Nag Hammadi num
jarro queriam que eles fossem preservados. No final, o que sobrou do precioso
objeto foi reunido e publicado entre 1972 e 1984. O professor James T.
Robinson, que organizou a edição (em um só volume) de 1978, contendo o Evangelho da Verdade, escreveu: “Com a
publicação... o trabalho apenas começou, pois ele marca um novo começo no
estudo do gnosticismo.” Robinson acrescenta: “Chegou o tempo de concentrarmos
nossos esforços, uma vez que todo o Nag Hammadi está disponível em inglês, para
reescrever a história do gnosticismo”. Cópia de trechos de o Evangelho da Verdade. In: SEYMOR-SMITH,
Martin. Os 100 Livros que mais Influenciaram a Humanidade:
A História do Pensamento dos Tempos Antigos à Atualidade. Tradução de Fausto
Wolff. 5.ed., Rio de Janeiro: Difel, 2002.
10 junho 2009
Evangelho
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