Jesus ensinava – oralmente – em aramaico, sua língua
materna. Como nada escreveu, a sua palavra devia ressoar sobre os discípulos.
Por isso, catequese – do grego katechéo, fazer ressoar. Ressonância
significava a voz na presença dos discípulos. O discípulo que tivesse recebido
o ensinamento era ressoado, ou seja, catequizado. Depois de catequizado,
poderia catequizar outros. Pode-se dizer que Jesus proclamou, junto aos
discípulos, o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia
universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus,
da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. O
sermão tinha um caráter universalista, uma espécie de "carta magna"
para toda a humanidade. (Stella, 1978)
O monte é o lugar de destaque na vida religiosa dos
povos. É o lugar da solidão, da oração e da revelação. Segundo uma constante
tradição bíblica, é o lugar próprio para os encontros com Deus. Na Grécia, o
monte Olímpico; na Índia, o monte Meru;
na China, o monte Kuen-luen. Há, também, o monte Sinai,
o monte das Oliveiras etc., cada qual com sua particularidade.
(Stella, 1978)
Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das
Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em
Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma
síntese das leis morais que regem a humanidade. O Sermão do Monte veio para
reformar a humanidade na sua totalidade. Não é para uma religião, mas para toda
a religião. Segundo alguns religiosos, o sermão do monte é o mais
revolucionário dos discursos humanos, simplesmente porque é divino. Quando
acabou de proferir o sermão, os discípulos disseram: "Este ensina como
quem tem autoridade".
as oito regras do sermão são:
1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque
deles é o reino dos céus.
2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão
consolados.
3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e
pacíficos, porque herdarão a Terra.
4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque serão saciados.
5.ª) Bem-aventurados aqueles que são
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o
coração, porque verão a Deus.
7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela
justiça, porque o reino dos céus é para eles.
8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa,
vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós.
Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim
perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)
Bem-aventurança é o termo técnico para indicar uma
forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A
Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa
sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus
toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de
uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor,
perseguição. Segundo Wendisch, as bem-aventuranças são uma espécie de torah (lei).
Nos paradoxos (ir contra a opinião comum), Jesus ensinou o avesso daquilo que
os homens pensavam, fazendo-os refletir na felicidade, não como a posse de bens
materiais, mas como estar na visão e posse de Deus.
A palavra "céus" foi usada por Mateus; os
outros evangelistas usaram a palavra "Deus". Explicação: Mateus usou
reino dos céus, porque Deus era um nome inefável que os judeus se abstinham de
pronunciar com receio de dizerem em vão. Lucas, ao compor o seu Evangelho para
os cristãos convertidos do paganismo, que por isso não tinham os mesmos
escrúpulos, diz correntemente como Marcos: "o reino de Deus" ou então
"reinado de Deus". (Chevrot, 1971)
Os Apóstolos, ao registrarem por escrito, as
palavras de Cristo, prenderam-se mais ao sentido do que à letra. Por exemplo, a
inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz devia ser conforme a letra.
Contudo, anotamos as seguintes divergências verbais: "Jesus o Nazareno, o
rei dos judeus", João 19,19, "Este é Jesus, o rei dos Judeus",
Mat. 27,37, "O rei dos Judeus, este", Luc. 23,38, "O rei dos
Judeus", Marc. 15,26. (Stella, 1978)
O mestre não quis pronunciar o seu discurso
inaugural no interior de uma sinagoga ou nos pórticos do Templo. Para fazer
ouvir uma mensagem destinada aos homens de todos os tempos, precisava de ar
livre, de altitude, dos horizontes sem limite da natureza. Ele falava do
impulso de progresso, da ressonância, do movimento. Dizia: as raposas têm as
suas tocas, os pássaros os seus ninhos, mas Ele não terá um teto onde reclinar
a cabeça. Caminhará sempre, sem parar.
A Igreja, de qualquer espécie que for, não pode
permanecer somente como instituição. Deve ser um movimento, um processo de
aperfeiçoamento das almas. A Igreja não é um estabelecimento, é um movimento, a
sua função é "renovar a face da terra", quebrando preconceitos e
denunciando os conformismos. Paulo foi muito feliz quando disse: "Embora
se destrua em nós o homem exterior, o homem interior vai-se renovando de dia
para dia".
Bibliografia Consultada
CHEVROT, Georges. O Sermão da Montanha. Tradução de Alípio Maia de Castro. São Paulo:
Quadrante, 1971.
STELLA, J. B. O Sermão da Montanha: A Religião de Cristo. São Paulo: Metodista, 1978.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/serm%C3%A3o-do-monte
Nenhum comentário:
Postar um comentário