"Amar a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a si mesmo". É o 11.º mandamento e resume toda
a doutrina de Jesus.
Amor. É um sentimento que nos guia na produção do bem, possibilitando-nos,
também, a aquisição de qualidades para o crescimento do Espírito. Próximo. Cada pessoa em particular. A Parábola do Bom Samaritano ajusta-se bem à
reflexão sobre "quem é o meu próximo". Si
mesmo. Relembrando o "sei que nada sei" de Sócrates.
O contexto em que a frase “amar
ao próximo como a si mesmo” foi proferida refere-se à época em que Jesus vivia
em lugares administrados pelos governadores romanos, que impunham o seu poder
de forma arbitrária, sobrecarregando os habitantes da Palestina e demais
regiões. Em resposta à pergunta sobre o maior mandamento da lei de Deus, Jesus
diz: "Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa
alma, e de todo o vosso espírito; é o primeiro e o maior mandamento. E eis o
segundo que é semelhante àquele: Amareis o vosso próximo como a vós mesmos.
Toda a lei e os profetas estão contidos nestes dois mandamentos". (Mateus,
22, 34 a 40)
Os Espíritos orientam-nos que a
base da verdadeira justiça é a de se querer para os outros aquilo que se quer
para si mesmo, e não de querer para si o que se deseja para os outros, o que
não é a mesma coisa.
Se os ensinamentos evangélicos
tendem para a paz e a harmonia, como se explica a violência nos dias atuais?
Ignorância do ser humano quanto à lei maior ensinada por Cristo. Vejamos alguns
exemplos: ato da criação bíblico, lei de Talião, Hegel e a luta dos contrários,
Marx e a luta de classes, Hobbes e o homem como lobo do homem. Ainda: a
violência está dentro de cada um de nós. Se não fôssemos violentos, o mundo não
o seria.
Amar ao próximo como a si mesmo
é um trabalho árduo que deve começar bem, pois caso contrário o resultado é
nulo. Muitas vezes implica num sacrifício total da liberdade humana, coisa que
nem sempre estamos dispostos a praticá-la.
Compilação:
Complemento
Dez maneiras de amar a nós mesmos
1 — Disciplinar os
próprios impulsos.
2 — Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que
pudermos.
3 — Atender aos bons conselhos que traçamos para os
outros.
4 — Aceitar sem revolta a crítica e a reprovação.
5 — Esquecer as faltas alheias sem desculpar as
nossas.
6 — Evitar as conversações inúteis.
7 — Receber no sofrimento o processo de nossa
educação.
8 — Calar diante da ofensa, retribuindo o mal com o
bem.
9 — Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento
de gratidão.
10 — Repetir as lições edificantes, tantas vezes
quantas se fizerem necessárias, perseverando no aperfeiçoamento de nós mesmos
sem desanimar e colocando-nos a serviço do Divino Mestre, hoje e sempre.
(Espírito André Luiz)
Capítulo 33 do livro Paz e Renovação pelos
Espíritos Diversos, psicografia de Francisco Candido Xavier, copyright 1970
***
QUESTÕES de Ariana Pereira, repórter do jornal Diário da Região, de São José do
Rio Preto, interior de São Paulo, para a revista Bem-Estar e RESPOSTAS de
Sérgio Biagi Gregório
Por que Jesus, um grande mestre
espiritual, insistia tanto na questão do amor ao próximo?
Para entendermos a posição de
Jesus, quanto ao amor ao próximo, temos de nos reportar à Lei de Deus, ou seja,
aos Dez Mandamentos, recebidos mediunicamente por Moisés. De acordo
com Allan Kardec, "esta lei é de todos os tempos e de todos os países, e
tem, por isso mesmo, um caráter divino". Jesus não veio destruir esta lei,
mas dar-lhe cumprimento, desenvolvê-la segundo o grau de adiantamento da
humanidade. Em realidade, Jesus resumiu o Decálogo num único mandamento, que
costumamos chamar de o 11.º Mandamento: "Amar a Deus
acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". Jesus também
acrescenta: "Está aí toda a lei e os profetas". Para Jesus, o próximo
é o canal que nos leva a Deus. Sem o próximo, todo o nosso esforço é em vão,
porque acabamos chafurdando no egoísmo, o principal cancro da humanidade.
Ele também insistia na questão
de amarmos aqueles que consideramos inimigos. Qual a importância disso?
Os inimigos são os nossos
verdadeiros mestres. Eles não têm pena de nós e apontam as nossas falhas com
bastante frieza, coisa que os nossos amigos não têm coragem de fazê-lo. Amar o
inimigo consiste em perdoar-lhe o mal que porventura esteja nos fazendo. O
perdão ao inimigo, contudo, tem caráter científico. Observe que acima de nós há
uma lei, a Lei Natural, lei esta que orienta todas as nossas ações, pois está
escrita em nossa consciência. Quando o nosso inimigo nos faz um mal, ele não
nos feriu, mas feriu-se a si mesmo em relação à Lei. Cabe à Lei puni-lo ou não.
Quanto a nós, uma vez perdoado o seu ato, ficamos livres e desembaraçados de
todas as implicações mentais menos felizes a respeito deste suposto inimigo.
É possível amar o outro sem
amar-se?
A tradução correta da frase de
Jesus não é bem esta: "Amar ao próximo como a si mesmo", mas sim,
"Primeiro ame a si mesmo, para depois amar ao próximo". Há aqui uma
grande diferença, pois não fazemos as coisas de modo mecânico, em obediência à
pregação evangélica, mas de forma consciente, no sentido de sabermos o que
estamos fazendo e o porquê de estarmos agindo desta e não de outra maneira.
Qual o papel do
autoconhecimento para que haja amor próprio?
Segundo Sócrates, filósofo da
antiguidade clássica grega, o autoconhecimento é a chave libertadora do ser
humano. O "Conhece-te a ti mesmo" é um apelo para que o ser humano
possa fazer uma volta sobre si mesmo, no sentido de tomar consciência de
sua ignorância. É a partir dessa autoconsciência que o ser humano
deveria se postar no mundo, pois saberia o que poderia fazer e dispensaria
aquilo que não servisse para o seu projeto de vida.
Como amar-se sem perder-se no
individualismo?
O primeiro passo é tomarmos
consciência de que o mundo em que vivemos é individualista e consumista. Caso
contrário, qualquer elaboração do amar-se perde o seu sentido. Observe que a
moral primitiva implicava a regulamentação do comportamento de cada um de
acordo com os interesses da coletividade. O indivíduo era mero suporte,
auxiliar na concretização dos objetivos do grupo. Presentemente, o culto à
individualização fê-lo mais materialista e egoísta, pois busca a sua autonomia,
a sua independência, nem que para isso passe por cima dos outros. É nesse ponto
que a mensagem do amor ao próximo, proferida por Jesus, auxilia-nos a mudar o
nosso comportamento, para não nos perdermos no individualismo.
Santa Terezinha dizia que uma
alma repleta de amor não pode ficar inativa. O amor impulsiona para o bem-estar
do outro?
O outro é a pessoa mais
importante. Mesmo quando estamos preparando uma peça oratória, para nós mesmos,
estamos pensando em expressá-la ao outro, ao público. Nesse sentido, cada
pessoa tem a responsabilidade de ser caminho para os outros. É, portanto,
injusto excluir os outros do caminho. Lembremo-nos de que esta responsabilidade
não diz respeito somente ao ser humano, mas também em relação ao meio ambiente.
Hoje, são muitas as empresas que se preocupam com o que produzem, com o tipo de
lixo que estão descartando, com as condições de trabalho de seus funcionários
etc.
Como o amor ao outro beneficia
a quem se doa dessa forma?
Em primeiro lugar, não
deveríamos fazer o bem ao próximo para recebermos uma recompensa, pois
estaríamos sendo mercenários, do tipo é dando que se recebe. O benefício, se
assim quisermos chamar, é a felicidade de ver a Doutrina do Cristo sendo
divulgada e ampliada para atingir todos os seres humanos do planeta.
Ariana Pereira
Diário da Região
Tel: (17) 2139-2079
Cel: (17) 8145-8418
e-mail:ariana.pereira@diarioweb.com.br
www.diarioweb.com.br
Publicado em 31/05/2009 No www.diarioweb.com.br
Teresa de Lisieux, mais conhecida como Santa
Terezinha ou Santa das Rosas, costumava dizer que uma alma repleta de amor é
incapaz de ficar inativa. Ao passo que o ser humano se conhece e, se
conhecendo, passa a se amar verdadeiramente, o movimento em direção ao outro é
inevitável. É esse mover-se inevitavelmente ao bem-estar de outros que suscitou
líderes como Mahatma Gandhi e Martin Luther King. Amor ao próximo não é uma
lição nova. Mas nunca falou-se tanto nisso como hoje. Individualismo e
consumismo nos quais está inserida a sociedade atual desencadeiam, cada vez
mais, pessoas e iniciativas que desejam romper com essa realidade e inaugurar
um novo tempo de compreensão e pacífica convivência entre os indivíduos e os
povos. De acordo com o espiritualista Sérgio Biagi Gregório, para que as
pessoas entendam a questão do amor ao próximo é necessário fazer referência às
leis de Deus. “De acordo com Allan Kardec, ‘essa lei é de todos os tempos e de
todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter divino’. Jesus resumiu o
Decálogo num único mandamento, que costumamos chamar de o 11º Mandamento: ‘Amar
a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo’. Ele também
acrescenta: ‘Está aí toda a lei e os profetas’. O próximo é o canal que nos
leva a Deus. Sem o próximo, todo o nosso esforço é em vão, porque acabamos
chafurdando no egoísmo, o principal cancro da humanidade.”
Quando as pessoas agem como amigas verdadeiras de
outros, desenvolvem uma série de virtudes e conhecimentos que a vida de
isolamento jamais permitiria, segundo a facilitadora do Centro de Estudos
Budistas Bodisatva em Rio Preto, Maria Eugênia Bouguson. Para exemplificar a
afirmação, ela usa a parábola do Bom Samaritano: “após contar a parábola, Jesus
pergunta ao fariseu quem foi o próximo do homem que havia caído nas mãos de
ladrões. A resposta foi aquele que agiu com misericórdia para com o homem.
Aproveitando a ideia e o tema, podemos perguntar: quem amou aquele que caiu nas
mãos dos ladrões?”
Livres
Decidir-se por amar o outro liberta o ser humano da
solidão gerada pelo egoísmo e orgulho, sentimentos que levam ao sofrimento.
Portanto, aprender a se amar e, consequentemente, amar os outros, é garantia de
felicidade. Quando uma pessoa não tem capacidade de superar o conceito
materialista, refletindo sobre si e concluindo que o ser humano está acima dos
bens materiais que possui, pode cair em depressão, se isolar e em alguns casos
extremos, desejar o fim de sua vida. A solução definitiva desse problema surgirá
quando eleger como valores o respeito, a amizade e o amor. Mas enquanto a
maioria das pessoas continuar permitindo que o egoísmo e o orgulho embotem seu
raciocínio e sua visão de mundo, aquele que porventura esteja sofrendo, de
solidão ou qualquer outro problema, precisa procurar os que já pensam diferente
e que compreendem os valores principais da vida”, aconselha o doutor em Física
e membro do Grupo de Estudos Avançados Espíritas, Alexandre Fontes da Fonseca.
Chegar, no entanto, à capacidade de amar o outro,
seja ele amigo ou inimigo, passa pelo processo interior. É preciso olhar
primeiro para si, só assim a pessoa será capaz de sair em busca do outro.
Gregório explica que, de acordo com Sócrates (filósofo da antiguidade clássica
grega), o autoconhecimento é a chave libertadora do ser humano. O “conhece-te a
ti mesmo”, continua o espiritualista, é um apelo para que se possa fazer uma
volta sobre si mesmo, no sentido de tomar consciência de sua ignorância. “É a
partir dessa autoconsciência que o ser humano deveria se postar no mundo, pois
saberia o que poderia fazer e dispensaria aquilo que não servisse para o seu
projeto de vida.” E, para que o amar-se não se transforme em apenas mais uma
face do individualismo, segundo Gregório, é preciso que a pessoa tenha
consciência da sociedade em que vive: individualista e consumista. Caso
contrário, para o espiritualista, qualquer elaboração do amar-se perde o
sentido. O culto à individualização fez o ser humano mais materialista e
egoísta, pois busca a sua autonomia, a sua independência, nem que para isso
passe por cima dos outros. “É nesse ponto que a mensagem do amor ao próximo,
proferida por Jesus, auxilia-nos a mudar o nosso comportamento, para não nos
perdermos no individualismo.”
A partir desse primeiro momento de autoconhecimento
e aprendizagem de amar-se com qualidades e defeitos próprios é possível amar
não apenas aqueles com quem simpatizamos ou fazem parte de um círculo de
amigos. Quem realmente aprende a amar, pode transcender e chegar a amar, inclusive,
aqueles que podem ser considerados inimigos. “Os inimigos são os nossos
verdadeiros mestres. Eles não têm pena de nós e apontam as nossas falhas com
bastante frieza, coisa que os nossos amigos não têm coragem de fazer. Amar o
inimigo consiste em perdoar-lhe o mal que porventura esteja nos fazendo. O
perdão ao inimigo, contudo, tem caráter científico. Observe que acima de nós há
uma lei, a Lei Natural, lei essa que orienta todas as nossas ações, pois está
escrita em nossa consciência. Quando o nosso inimigo nos faz um mal, ele não
nos feriu, mas feriu-se a si mesmo em relação à Lei. Cabe à Lei puni-lo ou não.
Quanto a nós, uma vez perdoado o seu ato, ficamos livres e desembaraçados de
todas as implicações mentais menos felizes a respeito deste suposto inimigo,
afirma o espiritualista Sérgio Biagi Gregório.
Colheita
A máxima “colher o que se planta” se encaixa
perfeitamente à vida de quem se decide por amar o outro, independente das
situações em que se encontra. Maria Eugênia acredita que são incontáveis os
benefícios àqueles que se disponibilizam a amar a si e ao próximo,
principalmente, nos casos em que esse amor se concretiza por meio de gestos
como ajudas materiais ou espirituais. “É sempre muito fácil nos colocarmos na
posição de receber ajuda. Realmente, em muitas ocasiões, estamos carentes
disso. Mas quando nos colocamos na posição de oferecer ajuda estamos colocando
à disposição de outrem as nossas capacidades. E o sublime desse ato de amor
ocorre quando buscamos nos aprimorar, naquilo que for necessário, para que
nossa ajuda se torne mais eficiente.”
Apesar disso, fazer o bem ao próximo não teria de
ser um dever e, sim, algo natural e espontâneo sem a expectativa de retorno em
qualquer que seja o âmbito. “Não deveríamos fazer o bem ao próximo para receber
uma recompensa, pois estaríamos sendo mercenários, do tipo é dando que se
recebe. O benefício, se assim quisermos chamar, é a felicidade de ver a
Doutrina do Cristo sendo divulgada e ampliada para atingir todos os seres
humanos do planeta. O outro é a pessoa mais importante. Mesmo quando estamos
preparando uma peça oratória, para nós mesmos, estamos pensando em expressá-la
ao outro, ao público. Nesse sentido, cada pessoa tem a responsabilidade de ser
caminho para os outros. É, portanto, injusto excluir os outros do caminho”, diz
Gregório.
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