O marxismo, tal como foi elaborado por Marx e Engels, é uma concepção dialético-materialista da natureza e da história, portadora de um projeto ético-político de transformação da sociedade capitalista dos tempos modernos. Deste núcleo central derivam três correntes filosóficas: a) marxismo-leninismo; b) marxismo humanista; c) marxismo histórico-científico. (Enciclopédia Verbo de Sociedade e Estado)
O ponto de partida para a compreensão da concepção dialético-materialista da natureza e da história é a dialética de Hegel. Hegel (1770-1831) estabelecera as três fases do desenvolvimento do pensamento: tese, antítese, síntese (ou luta dos contrários). Uma vez alcançada a síntese, esta se torna uma nova tese para mais uma etapa da evolução do pensamento. Hegel falava a respeito do pensamento, da idéia, por isso idealista. Feuerbach (1775-1833), que foi discípulo Hegel, discorda do seu mestre, inverte a dialética de Hegel, colocando a matéria como principal e o Espírito como secundário. Marx, que também fora discípulo de Hegel, junta essas duas concepções e concebe o materialismo dialético histórico. Por que o faz? Por causa da sua observação da luta de classes ao longo da história da humanidade. Viu que na Idade Primitiva, os escravos lutavam contra os senhores; na Idade Média, os vassalos lutavam contra os senhores feudais; na Idade Moderna, o proletariado lutava contra os empresários.
Na perspectiva da dialética materialista, a matéria é eterna, essencialmente dinâmica, em permanente movimento ascensorial. Num determinado momento do seu curso evolutivo, aparece a vida; num determinado momento da evolução da vida, surge o homem, cujo cérebro produz o pensamento como reflexo dos movimentos anteriores. Aplicada à história, a dialética materialista significa que a evolução da sociedade é determinada, em última instância, pelo modo de produção dos meios de subsistência. Com base nessa observação histórica, Marx e Engels sustentam que "a história de toda a sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes". (Manifesto do Partido Comunista)
O sistema capitalista de livre iniciativa contém, em si próprio, o germe da sua destruição. Como explicar? A alienação econômica fundamenta esta explicação. Marx parte da distinção entre o valor de uso e o valor de troca do trabalho humano. Acha ele que o proprietário paga um valor inferior àquele que o empregado produz para a empresa. A isto se dá o nome de mais-valia. Em suas lucubrações, chega à conclusão que surgirá um regime provisório – ditadura do proletariado – durante o qual se procederá a eliminação dos vestígios do espírito burguês.
Como se passaria do sistema capitalista para o comunismo? No capitalismo há luta de classes (proletário e empresário). Este seria o último estádio – a partir do qual surgirá o socialismo, para depois vir o comunismo, uma sociedade sem classes, sem Estado, sem o homem explorando o próprio homem. Vigoraria apenas a igualdade absoluta.
Algumas críticas ao marxismo: a matéria é uma concepção vaga, sem prévia demonstração de importantes propriedades ontológicas: eternidade, infinidade, auto-movimento e poder criador; quanto à influência do econômico, trata-se de uma grande confusão de conceitos; como doutrina metafísica, o materialismo dialético não passa de um postulado sem base racional; sob o aspecto religioso, reconhece-se o acerto de Marx à ilusão da religião. Contudo, o verdadeiro teísmo, tanto filosófico como revelado, não se confunde com essas ilusões.
Por que Marx se insurgiu contra a religião? Marx era um cientista, e como tal, baseava-se na comprovação dos fatos. Os fatos materiais, aqueles que se podem apalpar, oferecem vastos campos à comprovação. Quanto aos dados do Espírito, a religião da época não lhe fornecia provas convincentes. Marx desconfiava das promessas da felicidade em outro mundo, na vida futura. Concentra-se assim apenas na matéria, no concreto. Não o faz por capricho, por querer contrariar a religião, mas por causa de sua sina de cientista.
Como relacionar Marx e Kardec? Marx viu o homem como um composto físico-químico – conduzido pelo modo de produção. Kardec nos ensinava que o espírito está encarnado num corpo físico. O homem de Marx libertou-se da exploração econômica, mas não da perspectiva da morte. Kardec ensinou-nos a respeito da imortalidade da alma. Marx acertou na tese da "exploração do homem pelo homem". Fez ver que o socialismo, ou regime de propriedade coletiva, corresponde a um novo sentido da vida. O mesmo admite a doutrina socialista espírita. (Mariotti, 1983)
O Espiritismo vem nos trazer subsídios para todo e qualquer assunto, quer seja de cunho mediúnico, social e científico. Basta que apliquemos os seus princípios fundamentais em nossas análises.
Bibliografia Consultada
MARIOTTI, Humberto. Parapsicologia e Materialismo Histórico. Tradução de J. L. Ovando. São Paulo: Edicel, 1983.
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.
São Paulo, maio de 2008
Mais textos em PowerPoint: http://www.sergiobiagigregorio.com.br/powerpoint/powerpoint.htm
Palestra em PDF
Baixe o áudio deste texto
Aprenda Online: Relação de Cursos 24 Horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário