A humildade é o fundamento de todas as virtudes. Virtude é uma
disposição adquirida voluntária, que consiste na conduta racional de um ser
humano ponderado. De acordo com Aristóteles, a virtude é a média entre duas
extremidades, uma por excesso, a outra por falta. Ela se situa no ponto mais
elevado no que se refere ao bem e à perfeição. É o justo meio. A humildade
auxilia-nos a encontrar esse ponto médio, esse justo meio.
A verdadeira humildade é
aquela que nos faz ver as nossas potencialidades e as nossas limitações,
dando-nos a medida exata de ambas. Ela nos auxilia a tomar consciência de
nossas limitações, alertando-nos a tomar sempre o caminho do meio, da
ponderação, do justo procedimento. Os nossos desejos são infinitos; atendendo-os,
podemos nos tornar prepotentes. A humildade ensina-nos a administrá-los de
acordo com os nossos recursos pessoais, para não darmos o passo maior do que a
perna.
Jesus Cristo nos deixou
a boa nova, os ensinamentos evangélicos, as bem-aventuranças. Se seguirmos os
seus exemplos, as suas diretrizes, com certeza tornar-nos-emos verdadeiros
humildes. A sua vida, desde o nascimento numa estrebaria até a morte na cruz,
foi uma vida dedicada a atender a vontade do Pai e não a sua. Observe que toda
a moral do Cristo se resumiu na caridade e na humildade, mostrando-nos que
essas virtudes são os verdadeiros caminhos para a felicidade eterna.
O verdadeiro humilde
geralmente não sabe que o é. A humildade faz parte do sujeito, sem que o
sujeito a perceba. É uma espécie de reflexo congênito. O verdadeiro humilde
pratica o bem sem outro móvel que o próprio bem. Não está preocupado sobre o
que os outros pensam dele. Em contrapartida, tão logo nos dizemos humildes, já
não o somos mais, porque este pensamento fez-nos despertar o seu oposto, que é
o orgulho, o orgulho de ser humilde.
A humildade é
fundamental para a nossa evolução. Evolução é a atualização das virtualidades
inscritas em nossa consciência. Se não formos humildes, como vamos detectar com
clareza essas virtualidades? Observe o orgulhoso: ele geralmente se acha mais
merecedor de elogios, de cuidados, do que os outros. Com isso, dificulta o
verdadeiro conhecimento de si mesmo. Falta-lhe a autenticidade, ou seja, ver as
coisas como realmente elas são.
A humildade faz com que
reconheçamos os nossos próprios erros. Por quê? Porque a pessoa humilde aceita
pacientemente as críticas e as observações que lhe são dirigidas. Ela não tem
receio de uma reprimenda, de um vexame público, pois sabe tirar proveito das coisas
contrárias. Tem plena consciência de que o aprendizado vem pelo erro e aplica a
frase latina errando, corrigitur error (errando, corrige-se o erro), com
mestria.
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