O problema ético pode ser posto sob
duas perspectivas: relativa e dogmática. Na relativa,
pressupõe-se que ser humano haja de qualquer forma, porque as noções de bem e
de mal, de certo e de errado, dependem da sua interpretação pessoal; na dogmática,
aceita-se uma norma externa, vinda dos mais velhos, da tradição ou mesmo da
revelação religiosa, como é o caso dos Dez Mandamentos, recebidos por Moisés,
no Monte Sinai. Kant, ao contrário, parte dos princípios e
das máximas. Para ele, o ser humano deve agir segundo um conjunto
de máximas, que são impessoais e devem ter caráter universal.
A criação da matéria "Educação
Moral", quer seja no colegial ou mesmo na universidade é controversa. Para
os que discordam, a moral é fruto do relacionamento diário entre educadores e
educandos, não havendo necessidade de uma matéria específica. Optando-se pelo
seu ensino, convém englobá-la dentro de uma situação circunstanciada. Assim, o
educando deve aprender a trabalhar com as incertezas da vida, a ter em mente
que a educação é sempre processo (autotélico) e não produto (poíesis).
Há ensino técnico, mas o responder responsavelmente ao que acontece aqui e
agora tem mais relevância.
No âmbito da Doutrina Espírita, as Leis
Morais – Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação, Destruição, Sociedade,
Progresso, Igualdade, Liberdade e Justiça, Amor e Caridade – contidas em O
Livro dos Espíritos, são o nosso ponto de referência. Estudando-as
aprenderemos os princípios básicos de nossa relação com Deus, com o próximo e
com o mundo que nos rodeia. As leis morais são as leis divinas, gravadas por
Deus em nossa consciência. Às vezes nos desviamos delas, por medo, por
influência do meio em que vivemos, mas a elas deveremos voltar, pois somente
seremos felizes quando praticarmos a lei de Justiça, Amor e Caridade em toda a
sua plenitude.
A ética espírita não é dogmática. Ela
fornece-nos algumas ferramentas para melhorar o nosso pensamento e a nossa
conduta. Ela aponta para as consequências de determinadas ações. Temos toda a
liberdade de praticarmos o aborto, o suicídio, os excessos alimentares etc. O
Espiritismo nos diz que as consequências para tais atos são essas, aquelas e
aquelas outras. O que nos cabe é refletir sobre essas consequências, muitas
delas relatadas pelos próprios Espíritos, através da mediunidade, como relata
Allan Kardec em O Céu e o Inferno.
Quem opta pelo Bem terá como
consequência a ampliação de sua liberdade; quem opta pelo Mal, uma diminuição
da mesma. Tenhamos, assim, sempre em mente a prática da justiça, pois a
injustiça conduz-nos ao sofrimento e resgate, nesta mesma vida ou em outras subsequentes.
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