Se o
Espiritismo não tem dogmas, por que o dogma da reencarnação?
Para
que possamos responder a esta pergunta, precisamos entender os vários sentidos
que a palavra dogma assume.
1) Dogma – vem do grego dokein e significa opinião certa, decreto, axioma.
2) Pejorativamente, chamam-se dogmas todas e quaisquer
afirmações que apenas expressam opinião, sem os necessários fundamentos, mas
que são proclamados como verdades indiscutíveis.
3) Em religião, é ponto fundamental e indiscutível de uma
doutrina religiosa. No Cristianismo, chamam-se dogmas as verdades reveladas,
propostas pela suprema autoridade da Igreja como artigos de fé, que devem ser
aceitos por todos os seus membros. Observe o dogma da Santíssima Trindade, em
que há três pessoas em Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. São distintas,
iguais, e por consequência coeternas, isto é, igualmente eternas e
consubstanciais numa só e indivisível natureza.
4) Primitivamente, deu-se o nome de dogmatismo a toda a
doutrina que afirmava quaisquer concepções opondo-se assim ao ceticismo. Nessa
concepção, pois, dogmatismo é toda a atitude do espírito que pressupõe ser
possível o conhecimento da verdade.
5) Em filosofia, é empregado como uma opinião explicitamente
formulada como verdadeira. Nesse sentido, toda a filosofia inclui um dogmatismo
latente, que é o de toda a convicção firme.
O dogma da reencarnação se encaixa nesta última
acepção, ou seja, numa opinião que tem caráter de verdade.
O dogma
da reencarnação é algo que não podemos rejeitar. E se a reencarnação não
existisse, nós a teríamos que inventar. Por quê? Porque somente ela é capaz de
nos fornecer uma luz aos diversos fenômenos, considerados inexplicáveis.
Pergunta-se: de onde vêm a inteligência e a arte das crianças prodígios? Por
que há seres sãos convivendo com seres doentes? Por que uns nascem na pobreza e
outros na riqueza? Por que uns são inteligentes e outros ignorantes? A teoria da unicidade da existência deixa-nos sem
respostas convincentes. A tese da pluralidade das existências, não. Nela
encontraremos razões que nos fazem compreender cada ser humano, na sua luta, na
sua fraqueza e na sua tarefa que veio desempenhar neste mundo de provas e
expiações. Na criança prodígio, há um Espírito velho que absorveu muitos
conhecimentos em vidas passadas; nas pessoas ignorantes, podemos dizer que
estariam nas suas primeiras encarnações, enquanto os sábios já tiveram várias
existências e puderam adquirir toda a gama de informações. Em relação à riqueza,
vemos que ela é uma prova, e que todos nós deveremos passar por ela. Se hoje
somos pobres, é bem possível que já fomos ricos no passado.
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