03 julho 2008

A Sensação dos Espíritos após o Desencarne

Depois da morte, os Espíritos experimentam diversos tipos de sensações, variando entre as mais penosas e as mais sublimes. Alguns dizem sentir "os vermes lhe corroerem as carnes"; outros, apossados de uma agonia profunda, como se estivessem mergulhados numa noite profunda. Os criminosos são atormentados pela visão terrível e incessante de suas vítimas. Para o justo, a perturbação não passa de livre entorpecimento, algo semelhante ao sono.

O corpo físico é instrumento de dor. Se não é causa primária desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. Todos sabem que as pessoas que sofrem amputações sentem dor no membro que não mais existe. Se o membro não existe, como sente a dor? Allan Kardec diz que foi o cérebro que conservou a impressão. O mesmo sucede quando o Espírito desencarna. Eis porque muitos suicidas acreditam que estão vivos.

O perispírito, contendo eletricidade e fluido magnético, é a ligação entre o Espírito e o corpo físico. É o agente das sensações externas. No corpo, estas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam generalizadas. Há que se distinguir, assim, a dor do perispírito – com corpo físico –, e a dor do perispírito – sem corpo físico –. Sem o corpo físico, a dor não é somente moral, pois os Espíritos dizem sentir frio ou calor. Não é só uma espécie de lembrança. Há algo a mais, que não temos condições de explicar convenientemente.

No momento da morte, o perispírito se desliga lentamente do corpo físico; entra num estado de perturbação.Um suicida dizia: "Não, eu não estou morto e, no entanto, sinto que os vermes me roem". Ora, os vermes não roem nem o Espírito e nem o perispírito. Allan Kardec usa – para descrever essas sensações – o termo repercussão emocional, explicando posteriormente que não seria uma palavra adequada, pois é uma espécie de ilusão tomada por real.

O grau de evolução espiritual atingido pelo Espírito conta muito. Quanto mais purificado for, menos sensação de dor terá, porque o perispírito, que lhe serve de intermediário, estando mais rarefeito, não permite que a dor lhe seja transmitida. Os Espíritos menos evoluídos, devido à condensação mais grosseira do perispírito, transmitem com mais facilidade as sensações de dor. Por isso, a propagação constante das práticas das virtudes. Somente elas são capazes de tornar mais rarefeito o nosso corpo espiritual.

Os Espíritos, depois da morte, têm dificuldade de nos comunicar as suas sensações: em primeiro lugar, porque elas não são uma simples lembrança; em segundo, porque as mesmas se tornam generalizadas.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Livro Segundo, Capítulo VI, Ensaio teórico sobre as sensações dos Espíritos.

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