21 julho 2008

Prece

Prece – do lat. prece – significa rogo e, por extensão, pedido instante; súplica. É o orvalho divino que aplaca as nossas chagas mais íntimas. Pela prece pomo-nos em relação com Deus para um pedido, um agradecimento ou um louvor. A prece, enfim, resume todas as nossas aspirações humanas e divinas.

Filosoficamente considerada, a prece traduz-se por um ato espontâneo de adoração ao Criador. A naturalidade da oração nota-se no fato de que a oração é elemento latente na vida de todos. As fundamentações em torno da prece podem ser encontradas nas perguntas 653 a 666 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O codificador do Espiritismo propõe, entre outras, as seguintes questões: Qual o caráter geral da prece? A prece torna o homem melhor? Podemos pedir eficazmente o perdão de nossas faltas? As preces que fazemos por nós mesmos podem modificar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?

Cientificamente considerada, a prece traduz-se por uma comprovação positiva do seu efeito. O médico-cirurgião Alexis Carrel, em seu livro A Oração - Seu Poder e Efeitos, diz-nos que é difícil separar a ação curativa do remédio do efeito curativo da oração. Contudo, regozija-se com o paciente que ora, porque em suas observações notou que ele facilita o processo de cura. Allan Kardec, no cap. XXVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, discorre sobre a ação da prece. Esclarece-nos que pela nossa vontade podemos atuar sobre o fluido universal e provocar os "milagres", que nada mais são do que uma extrema aceleração dos processos normais de cura.

Religiosamente considerada, a prece traduz-se pela elevação moral da criatura. Pode, também, estar envolta com aquela súplica: "Senhor, ensina-nos a orar". Liga-se a um sentimento de caridade, quando colocamo-nos à disposição dos bons Espíritos para orarmos por nós mesmos ou pelos outros. Nesse sentido, podemos orar para pedir força de resistir a uma tentação, para pedir um conselho, por alguém que esteja em aflição, por nossos inimigos, por um agonizante etc.

A divisão filosófica, científica e religiosa é apenas didática. Na prática, deveríamos vê-la num todo. Quer dizer, o ato de adoração deve ser questionado e analisado sob esses três ângulos, conjuntamente. Dessa forma: estamos orando como os fariseus, que gostam de ser vistos? Nossos impulsos dirigidos ao Alto são puros e necessários? Pomos uma dose de razão ao sentimento de súplica?

A prece, como vimos, constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Empenhemo-nos, pois, em fortificar a nossa fé, a fim de que as nossas emissões sejam cada vez mais poderosas.

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— Abstenhamo-nos de empregar a palavra “prece”, quando se trate do desequilíbrio — aduziu Clarêncio, bondoso —, digamos “invocação”. 

E acrescentou:

— Quando alguém nutre o desejo de perpetrar uma falta está invocando forças inferiores e mobilizando recursos pelos quais se responsabilizará. Através dos impulsos infelizes de nossa alma, muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da cólera ou do vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas mentes estagnadas na ignorância, que se fazem instrumentos de nossas baixas idealizações ou das quais nos tornamos deploráveis joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações movimentam energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção delas permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com cuidado a nossa escolha, em qualquer problema ou situação do caminho que nos é dado percorrer, porquanto o nosso pensamento voará, diante de nós, atraindo e formando a realização que nos propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida responde, segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo que houvermos recebido. (Capítulo I — "Em torno da prece", do livro Entre a Terra e Céu, pelo Espírito André Luiz)

— A prece refratada é aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo. (Capítulo II — "No cenário terrestre", do livro Entre a Terra e Céu, pelo Espírito André Luiz)

 

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