Prece –
do lat. prece – significa rogo e, por extensão, pedido
instante; súplica. É o orvalho divino que aplaca as nossas chagas mais íntimas.
Pela prece pomo-nos em relação com Deus para um pedido, um agradecimento ou um
louvor. A prece, enfim, resume todas as nossas aspirações humanas e divinas.
Filosoficamente considerada, a prece
traduz-se por um ato espontâneo de adoração ao Criador. A naturalidade da
oração nota-se no fato de que a oração é elemento latente na vida de todos. As
fundamentações em torno da prece podem ser encontradas nas perguntas 653 a 666
de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. O codificador do
Espiritismo propõe, entre outras, as seguintes questões: Qual o caráter geral
da prece? A prece torna o homem melhor? Podemos pedir eficazmente o perdão de
nossas faltas? As preces que fazemos por nós mesmos podem modificar a natureza
das nossas provas e desviar-lhes o curso?
Cientificamente considerada, a prece
traduz-se por uma comprovação positiva do seu efeito. O médico-cirurgião Alexis
Carrel, em seu livro A Oração - Seu Poder e Efeitos, diz-nos que é
difícil separar a ação curativa do remédio do efeito curativo da oração.
Contudo, regozija-se com o paciente que ora, porque em suas observações notou
que ele facilita o processo de cura. Allan Kardec, no cap. XXVII de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, discorre sobre a ação da prece.
Esclarece-nos que pela nossa vontade podemos atuar sobre o fluido universal e
provocar os "milagres", que nada mais são do que uma extrema
aceleração dos processos normais de cura.
Religiosamente considerada, a prece
traduz-se pela elevação moral da criatura. Pode, também, estar envolta com
aquela súplica: "Senhor, ensina-nos a orar". Liga-se a um sentimento
de caridade, quando colocamo-nos à disposição dos bons Espíritos para orarmos
por nós mesmos ou pelos outros. Nesse sentido, podemos orar para pedir força de
resistir a uma tentação, para pedir um conselho, por alguém que esteja em
aflição, por nossos inimigos, por um agonizante etc.
A divisão filosófica, científica e
religiosa é apenas didática. Na prática, deveríamos vê-la num todo. Quer dizer,
o ato de adoração deve ser questionado e analisado sob esses três ângulos,
conjuntamente. Dessa forma: estamos orando como os fariseus, que gostam de ser
vistos? Nossos impulsos dirigidos ao Alto são puros e necessários? Pomos uma
dose de razão ao sentimento de súplica?
A prece, como vimos, constitui emissão
eletromagnética de relativo poder. Empenhemo-nos, pois, em fortificar a nossa
fé, a fim de que as nossas emissões sejam cada vez mais poderosas.
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— Abstenhamo-nos de empregar a palavra
“prece”, quando se trate do desequilíbrio — aduziu Clarêncio, bondoso —,
digamos “invocação”.
E acrescentou:
— Quando alguém
nutre o desejo de perpetrar uma falta está invocando forças inferiores e
mobilizando recursos pelos quais se responsabilizará. Através dos impulsos
infelizes de nossa alma, muitas vezes descemos às desvairadas vibrações da
cólera ou do vício e, de semelhante posição, é fácil cairmos no enredado poço
do crime, em cujas furnas nos ligamos, de imediato, a certas mentes estagnadas
na ignorância, que se fazem instrumentos de nossas baixas idealizações ou das
quais nos tornamos deploráveis joguetes na sombra. Todas as nossas aspirações
movimentam energias para o bem ou para o mal. Por isso mesmo, a direção delas
permanece afeta à nossa responsabilidade. Analisemos com cuidado a nossa
escolha, em qualquer problema ou situação do caminho que nos é dado percorrer,
porquanto o nosso pensamento voará, diante de nós, atraindo e formando a
realização que nos propomos atingir e, em qualquer setor da existência, a vida
responde, segundo a nossa solicitação. Seremos devedores dela pelo que
houvermos recebido. (Capítulo I — "Em
torno da prece", do livro Entre a Terra e Céu, pelo Espírito
André Luiz)
— A prece refratada é aquela cujo
impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo. (Capítulo II — "No cenário terrestre", do
livro Entre a Terra e Céu, pelo Espírito André Luiz)
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