A lógica,
ciência do bem pensar, fornece-nos o significado de extensão e
de compreensão. A extensão de um conceito
refere-se à quantidade, à amplitude, ao geral; a compreensão, à
qualidade, à diferença específica, ao particular. Quando não elaboramos o nosso
raciocínio dentro desse par de ideias, que é o perfeito relacionamento entre a
parte e o todo, podemos cometer os diversos sofismas. Quer dizer, elaboramos
raciocínios com aparência de verdadeiros, mas que no fundo são falsos.
Há
muitas pessoas, no meio espírita, que dão supremacia aos fenômenos mediúnicos. Se não fizerem isso dentro da visão
geral do Espiritismo, cometerão um erro crasso, que é confundir a mediunidade
com a Doutrina Espírita. O Espiritismo é extensão e a mediunidade é a compreensão, ou seja, qualquer atividade mediúnica deve
ser subalterna ao Espiritismo e não superior a este. As práticas mediúnicas são
classificadas como atividades
secundárias, consequentes do entendimento doutrinário. Primeiro
a formação doutrinária, depois as questões do fenômeno e do treinamento
mediúnico.
O viés
da generalização. A leitura de um romance, quando não for feita com a devida
ponderação, pode levar-nos a cometer este erro, pois imaginamos que aquele caso
particular possa ser aplicado ao conjunto de casos semelhantes. A princípio,
pode parecer-nos que o nosso pensamento está correto; contudo, quando submetido
ao crivo da razão, verificamos os erros de julgamento. Lemos, por exemplo, que
uma pessoa cometeu o mal e, por isso, verte lágrimas do começo ao fim da
história. Pergunta-se: será que essa punição pode ser aplicada em todas as
situações parecidas? E a prática da virtude? Será que não abranda o teor dos
sofrimentos?
Condicionar
o desenvolvimento mediúnico ao recebimento de Espíritos é um outro sofisma fácil
de ser visto. Desenvolver a mediunidade é estar cada vez mais apto a
intermediar tanto os Espíritos superiores quanto os inferiores, aprendendo a
distinguir um do outro. Receber Espíritos é uma atividade secundária no
processo, isto é, deve entrar como consequência ao ato de estudar o
Espiritismo. Importa muito mais absorver o conteúdo intrínseco dos seus
princípios fundamentais: reencarnação, vida após a morte etc. Não resta dúvida
que a apreensão destes princípios é a mola mestra para que possamos raciocinar
corretamente.
O
sofisma de ênfase, ou seja, ao expandirmos a doutrina, fazemo-lo através de um
único ângulo. Alguns preferem expandi-la somente pelo Evangelho; outros optam
pelo lado científico; outros ainda apoiam-se estritamente na filosofia. Se não
prestarmos a devida atenção, vamos nos condicionando a esse ou aquele setor,
separando o todo orgânico. O esforço de olhar a doutrina nos seus três
aspectos, conjuntamente, é um esforço que gera as suas recompensas de
entendimento global, facilitando a compreensão tanto do efeito como da causa.
Convém,
para o nosso próprio bem, fazer esse exercício de extensão e de compreensão.
Somente assim vamos adquirindo a verdadeira compreensão de cada parte
constituinte de nossa doutrina redentora.
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