O horizonte histórico vivenciado por Kant é marcado
pela independência americana e a Revolução Francesa. Sua filosofia está na
confluência do racionalismo, do empirismo inglês (Hume) e da ciência
físico-matemática de Newton. À Hegel, acrescentam-se o idealismo e criticismo
kantiano.
A base da filosofia de Kant (1724-1804) está na
teoria do conhecimento. Deseja saber, mas sem erro. Para tanto, elabora-a na
relação entre os juízos sintéticos "a priori" e
os juízos sintéticos "a posteriori". Aos primeiros,
chama-os puros, que caberia à matemática desvendá-los; aos
segundos, de fenômenos, influenciados pela percepção sensorial.
Nesse sentido, o idealismo e o criticismo kantiano nada mais são do que seus
próprios esforços para aproximar o fenômeno à "coisa
em si".
O ponto central da filosofia de Hegel (1770-1831)
encontra-se na dialética da idéia. Herda, para a construção de sua teoria, os
pensamentos de Heráclito, Aristóteles, Descartes, Kant, Espinosa, Fichte e
Schelling. Parte da Tese - Ser, pura
potencialidade, o qual deve se manifestar na realidade através da Antítese - Não-Ser.
Na contradição entre tese e antítese surge
a Síntese - Vir-a-Ser. Esse raciocínio é aplicado tanto
à aquisição de conhecimento quanto à explicação dos processos históricos e
políticos.
Os juízos "a priori", os
juízos "a posteriori" e a crítica da razão pura, em
Kant equivalem, respectivamente, à noção de alma, de matéria e a crítica da fé,
em Kardec. Kant, para demonstrar a relação entre "a coisa em si" e o
fenômeno, comete o pecado de não submeter à razão a metafísica. Com isso separa
a matéria do espírito. Kardec, instruído pelos Espíritos, não divide a
realidade em duas partes. Ao contrário, esclarece-nos que as leis naturais,
físicas, psíquicas, morais ou metafísicas são todas leis de Deus e formam o
conteúdo monista do Universo.
A dialética da ideia de Hegel pode ser
comparada à evolução do princípio espiritual através da matéria, em
Kardec. De acordo com Hegel, o espírito evolui, passando por sucessivas
sínteses, tal qual o desenvolvimento de uma planta: semente, botão, fruto,
novamente semente, ... De acordo com Kardec, os Espíritos são criados simples e
ignorantes e, em cada reino da natureza, vão potencializando virtudes, até
atingirem o estado de Espíritos puros, quando, então, não terão necessidade de
reencarnar novamente.
Uma reflexão sobre Kant e Hegel é sumamente
valiosa. Contudo, convém não nos esquecermos de que vão até certo limite. A
partir daí, o Espiritismo caminha sozinho, principalmente, quando trata da
mediunidade e da natureza espiritual.
Fonte de Consulta
SÃO MARCOS, M. P. Noções de História da
Filosofia. São Paulo, FEESP, 1993.
PIRES, J. H. Introdução à Filosofia
Espírita. São Paulo, Paidéia, 1983.
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