O indivíduo e sua relação com a sociedade é tema para a pesquisa de muitos estudiosos do comportamento humano. A respeito da origem, que sempre é problemática, aceita-se o pensamento de Aristóteles, quando este afirma que o homem é um animal político, devendo naturalmente viver em sociedade.
A família biológica é apontada como o primeiro núcleo
familiar. Contudo, não se pode afirmar que a família foi sempre a célula mater
da sociedade, como pretendem muitos filósofos e pensadores da humanidade. A
razão é que na Antiguidade predominava o comunismo primitivo e, como tal, todos
os membros do clã viviam reunidos como se fossem uma única família. Cada
indivíduo tinha apenas a responsabilidade de cooperar com o clã para a defesa e
sustentação da espécie.
A perspectiva racionalista de que a sociedade surgiu do indivíduo, como
pretende Daniel Defoe em seu livro Robinson Crusoé, merece uma
crítica. Segundo esse autor, um indivíduo colocado numa ilha desenvolve a sua
relação entre capital e trabalho de forma tranquila. Porém, quando aparece
Sexta-Feira, um outro habitante da ilha, tem que pensar na divisão do trabalho
e, concomitantemente, na complexidade da sociedade. Na prática, quando nos
inserimos na sociedade, ela já se encontra em funcionamento. De modo que não é
correto pensar que o indivíduo veio antes da sociedade.
Alguns pensadores políticos, como Tomas Hobbes e Jean Jacques Rousseau,
desenvolvem a ideia de que a sociedade deve ser regida por um contrato social,
em que cada indivíduo renuncia algo de si em prol do bem comum. Tomas Hobbes,
por exemplo, defende a tese de que o homem é lobo do próprio homem; Rousseau,
por outro lado, diz no começo do seu contrato social que o homem nasce livre,
mas em toda a parte se vê acorrentado. A partir daí, prescrevem a maneira de se
constituir a sociedade, onde o todo seja contemplado e os direitos dos cidadãos
defendidos.
Embora os pensamentos acima devam ser respeitados, não resta dúvida que
a sociedade insere-se numa lei natural, uma espécie de força oculta que leva o
homem a viver em conjunto com outros homens. Quer dizer, somos obrigados a
viver em sociedade, pois se não o fizermos falecemos e estiolamo-nos. Além
disso, o instinto de sociabilidade complementa-nos uns aos outros e faz seguir
a lei do progresso, onde os mais aptos ensinam os menos dotados.
Pensemos sempre numa sociedade factível de fornecer
as redes de entrelaçamento necessárias à realização de nossa evolução
espiritual.
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