O Reino de Deus, segundo o
Catolicismo, é uma realidade misteriosa cuja natureza só Jesus pode dar a
conhecer. De acordo com o Espiritismo, é estado de sublimação da alma, criado
por ela própria, através de reencarnações incessantes.
Tanto no Antigo como no Novo Testamento há
alusão ao reino de deus. No Velho Testamento, desde a época da
instalação de Israel em Canaã, Iavé é reconhecido como seu Rei e, mesmo depois
da queda da monarquia, pensava-se ainda na realização do reino de deus nos fins
dos tempos. No Novo Testamento, Jesus interpreta-o sem o caráter de
nacionalismo, reservado somente aos descendentes de Abraão, mas como a grande
esperança na vida futura e a transcendência pelo qual importava sacrificar tudo
na terra, inclusive a própria vida.
No que tange à fundação do Reino
de Deus, o diálogo entre Hanã e Jesus, anotado pelo Espírito Irmão X, no
livro Boa Nova, psicografado por F. C. Xavier, é bastante
esclarecedor. Estando Jesus em Jerusalém, Hanã, sacerdote, dirigiu-se a ele e
lhe perguntou o que fazia na cidade? Jesus respondeu-lhe que buscava a fundação
do Reino de Deus. — Reino de Deus, em tuas mãos, e o que vem a ser isso? —
tornou o sacerdote. — Esse Reino é obra divina no coração dos homens! —
esclareceu Jesus. — Obra divina em tuas mãos? — revidou Hanã, com desprezo.
Continuando a conversa, as perguntas de Hanã eram sempre respondidas com
firmeza e tranqüilidade por Jesus. Daí a algum tempo, na cercanias de
Cafarnaum, Jesus escolhe os seus 12 apóstolos.
Vasculhando o Novo Testamento, único
alicerce dos ensinamentos de Jesus, encontramos alguns textos sobre o assunto:
"Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça." (Mateus, 6,
33); "O reino de Deus não vem com aparência exterior." (Lucas,
17, 20); "O Reino de Deus está no meio de Vós." (Lucas, 17,
21); "Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo
algum entrareis no Reino dos Céus." (Mateus, 5, 20); "Aquele que
não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus." (João, 3, 3). O
Espírito Emmanuel, ao comentar esses versículos, incentiva-nos a buscar
infatigavelmente a sublimação de nossa alma imortal.
A pregação evangélica de Jesus norteia-nos
para o desprendimento dos bens materiais. Contudo, nós, os seres humanos, por
interesse, ignorância ou má-fé, distorcemos o real significado desses
ensinamentos. Disto resulta o desejo desenfreado pelo ter ao
invés do ser. Quer dizer, passamos a avaliar o outro muito
mais pelo que tem do que pelo que é. Não importa como adquiriu a sua riqueza,
se foi justa ou injusta. Importa que tendo status ele é algo.
Daí advém o êxito dos livros de auto-ajuda, pois eles incentivam o
individualismo e o consumismo como condição básica para a realização pessoal.
Saibamos, pois, sacrificar os nossos
gostos, os nossos interesses pessoais em prol da edificação do reino de Deus em
nossos corações. Não nos deixemos enganar pelos sofismas dos pensamentos da
atualidade.
Fonte de Consulta
Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p
Grande Enciclopédia Portuguesa e
Brasileira. Lisboa/Rio de
Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p
Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed.,
Rio de Janeiro, FEB, 1977.
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