"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e
espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. - Quão
pequena é a porta da vida! Quão apertado o caminho que a ela conduz! E quão
poucos a encontram". (Mateus, 7, 13 e 14.)
A porta simboliza o local de passagem entre dois
estados: do conhecido para o desconhecido; das trevas para luz. Além de
abrir-se, a porta convida-nos a transpô-la, passar do domínio do profano para o
domínio do sagrado. Nas tradições judaicas e cristãs, a porta dá acesso à revelação.
Cristo é a porta pela qual o cristão tende ao Reino dos Céus. No sentido
escatológico, é a possibilidade de acesso a uma realidade superior.
A porta larga pode ser caracterizada pelos vícios
materiais e morais, pelas festas mundanas, pelos prazeres, pelo sexo
desenfreado. Podemos incluir também a mentira, a prevaricação, a desonestidade
e o enganar os outros para auferir grandes lucros monetários. A porta
estreita é caracterizada pela prática das virtudes: o perdão, o
sacrifício total da liberdade humana e o amar ao próximo como a si mesmo.
Quando nos predispomos a viajar para um país vizinho, levamos conosco
somente o necessário para a nossa breve permanência lá: roupas, calçados e um
pouco de dinheiro. A morte deveria receber o mesmo tratamento,
no sentido de levarmos em nossa bagagem somente o que pudesse passar pela porta
estreita. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo,
enfatiza que o homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar
deste mundo, ou seja, nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da
alma: a inteligência, os conhecimentos e as qualidades morais. Estes são os
tesouros que nenhum ladrão nos roubará.
Antes de virmos a este mundo, pedimos aos bons Espíritos a "porta
estreita", que é o obstáculo que redime, a dificuldade que enriquece a
mente, as doenças do corpo e impossibilidades mil, para melhor aproveitarmos a
oportunidade de evolução. Estando encarnado, porém, voltamos a procurar as
"portas largas" por onde transitam as multidões, esquecendo-nos dos
compromissos assumidos. E assim, de encarnação em encarnação, vamos adiando e
retardando cada vez mais o nosso progresso espiritual.
Mesmo que escolhamos a "porta larga da perdição", os Espíritos
superiores não nos deixam sem suas influências benéficas. Há os anjos de
guarda, os Espíritos protetores e os Espíritos familiares que estão sempre nos
secundando e nos orientando na melhor decisão a tomar. Quando nos desviamos do
bem e chafurdamos no mal não é pela falta de suas instruções, mas simplesmente
porque preferimos dar ouvidos aos falsos profetas, aqueles Espíritos que, pela
nossa pouca fé e pelo nosso comodismo, nos encaminham para o mal.
Esforcemo-nos por vencer as más tendências. Não há outra saída. Somente
assim poderemos passar pela porta estreita e criar condições para a salvação de
nossa alma imortal.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/porta-estreita
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