Revelação –
Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, véu,
significa literalmente sair de sob o véu — e, figuradamente,
descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. A revelação pode
ser humana e divina. É humana quando o próprio homem busca os conhecimentos
superiores. É divina quando Deus se revela ao homem. Em sentido estrito das
revelações religiosas, elas sempre procedem de Deus, porque longe está o homem
de penetrar os mistérios da divindade: ainda lhe falta uma faculdade.
As revelações
orientais, alicerçadas nos sonhos e nas
adivinhações, não chegam a constituir revelações propriamente ditas. O Budismo,
por exemplo, não recorre de modo algum à revelação: tem como ponto de partida a
iluminação inteiramente humana de um sábio. Outras apresentam o seu conteúdo
como uma revelação celeste, mas atribuindo sua transmissão a um fundador
legendário ou mítico, como Hermes Trimegisto no caso da gnose hermética. Na
Bíblia, ao contrário, a revelação é um fato histórico, em que os seus
intermediários são conhecidos: Moisés e Jesus Cristo.
Deus, no Velho
Testamento, revela-se aos profetas, através de
sonhos e visões. A palavra de Deus estabelece uma aliança, aliança que conota
uma mudança comportamental do povo de Israel. Dentre os profetas, Moisés foi o
escolhido para receber a tábua dos Dez Mandamentos, leis divinas que varam os
anos da história e continuam ainda vivas, para auxiliar o ser humano na busca
da perfeição. Moisés, contudo, devido à dureza dos corações de seu povo, fez do
Deus de bondade um Deus que pune e castiga sem piedade.
A revelação do Novo Testamento consubstancia-se exclusivamente em Jesus Cristo. Jesus é o Mediador, o arauto, o comunicador; Ele nos fala das bem-aventuranças, do Reino dos céus e da vida futura. A sua pedagogia era alicerçada nas parábolas, estórias que contava sobre a vida comum, com o intuito de sugerir, além desse sentido imediato, uma lição moral. Os termos usados para indicar a revelação de Jesus são: keryssein ("anunciar","pregar"), evangelizesthai ("evangelizar"), didaskein ("ensinar"), apokalyptein ("revelar") e matheteúein ("fazer discípulos", "instruir").
Entre os Apóstolos, a revelação se deu em menor
grau. Eles não foram caracterizados como reveladores, mas propagadores da
Doutrina cristã, pois havia necessidade de se expandir os ensinamentos cristãos
para os quatro cantos do mundo. Dentre os seguidores de Cristo, Paulo de Tarso
exerceu papel relevante, principalmente depois de sua queda em Damasco: de
perseguidor ferrenho dos cristãos transformou-se no maior divulgador do
cristianismo. O Apocalipse de João, recebido na Ilha de Patmos, também merece
destaque: lá estão os avisos sobre o arrebatamento em Cristo no final dos
tempos.
Moisés começou a revelação; Cristo e os Apóstolos
deram-lhe continuidade. Presentemente, o trabalho passa a ser nosso.
Esforcemo-nos, pois, para que a divulgação da revelação divina possa atingir
eficazmente o maior número de mentes e corações.
Fonte de Consulta
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA.
Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.]
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