Fundamento é o princípio, a
raiz, a origem em que repousa de fato uma ordem de fenômenos.
Segundo Aristóteles, é conhecer a coisa pela causa, de modo que não
a podemos conceber de outra maneira. Para uma melhor visualização, façamos uma
comparação com a construção de um prédio: antes de subir as paredes, alocamos
um tempo enorme nas fundações, pois do contrário as paredes poderiam ruir. O
mesmo raciocínio deve ser aplicado à edificação da Doutrina Espírita: primeiro
os fundamentos; depois, o complemento.
Quais são os
fundamentos básicos do Espiritismo? Onde encontrá-los? Como absorvê-los?
Enumerá-los não é tão difícil. Eis alguns deles: a Existência de Deus,
a Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito, a Mediunidade e a Evolução. Para
encontrá-los, basta compulsar as obras básicas, principalmente O Livro
dos Espíritos. O mais difícil, porém, é absorvê-los de maneira profunda, ou
seja, fazê-los penetrar em nosso âmago, em nossa respiração, em nossos
pensamentos mais secretos.
Enfatizamos que o
Espiritismo foi construído sobre princípios e não sobre dogmas. Contudo,
em O Livro dos Espíritos, deparamo-nos com o dogma da
reencarnação. De imediato, imaginamos que foi erro de tradução. Indo ao
original, verificamos que foi traduzido corretamente. Surge a dúvida: o
Espiritismo tem ou não tem dogma? Para dirimi-la, é preciso distinguir o dogma do conhecimento
dogmático. Os dogmas, geralmente religiosos, não admitem contestação. O
conhecimento dogmático, embora possamos contestá-lo, não o fazemos, porque nos
faltam argumentos para tal. A razão nos induz a aceitá-lo.
O Espiritismo, embora
fundado sobre a lógica dos fatos, foi duramente criticado pelos sábios da
época. Muitos deles, membros das Sociedades de Pesquisas Científicas, saíram a
campo para desmascarar os truques, a farsa e a fraude dos fenômenos mediúnicos.
Ao se defrontarem com os fatos, mudaram de opinião. Por quê? É que sendo
cientistas, davam total importância ao fato, matéria prima de seu saber.
Observe o trabalho hercúleo de William Crookes que, depois de se render ao
fenômeno, estuda-o minuciosamente.
J. H. Pires costumava
dizer que "A força do Espiritismo não está nos fenômenos, mas na sua
Filosofia", ou seja, nas consequências morais que daí dimanam. Toda a
pessoa que tiver contato com a Doutrina Espírita, e não procurar conformar a
sua vida com as orientações dos Espíritos superiores, muito longe está dos seus
fundamentos básicos. Ficar na superfície dos fenômenos mediúnicos não nos dá
créditos para ganhar o céu. Não esperemos que a verdade nos pegue
desprevenidos. Estejamos sempre à frente dos acontecimentos.
Pensar, conhecer,
receber informações pertence a todos. O sentimento, que se tem da referida
informação, pertence à individualidade. É aí que reside a grande transformação
de Humanidade.
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