O magnetismo, como forma de
transmitir fluidos entre as pessoas, existe desde tempos remotos. No tempo de
Ísis, por exemplo, os sacerdotes caldeus utilizavam os passes para curar
enfermidades. Historicamente, poder-se-ia anotar muitas outras informações.
Contudo, para o propósito deste tema, basta nos remetermos ao ano de 1779, onde
encontraremos Mesmer e a sua teoria do magnetismo animal. Dizia ele existir um
fluido que interpenetrava tudo e que dava às pessoas, propriedades análogas
àquelas do ímã. Posteriormente, em 1787, o Marquês de Puysegur descobre o
sonambulismo; Braid, em 1841, o hipnotismo. Charcot o estuda metodicamente,
Liebault o aplica à clínica, Freud o utiliza ao criar a Psicanálise.
Na época de Kardec estava muita em voga a
questão relacionada ao magnetismo animal, esse tipo de fluido, de eletricidade, que se
assemelhava às propriedades do ímã. Segundo esta teoria, todas as manifestações
atribuídas aos Espíritos seriam apenas efeitos magnéticos. Os médiuns ficariam
num estado de transe sonambúlico. Nessa posição de passividade, as faculdades
intelectuais ficariam embotadas e os círculos de percepção intuitiva se
ampliariam além dos limites de nossa percepção ordinária. "Dessa maneira,
o médium tiraria de si mesmo e por efeito de sua lucidez tudo quanto diz e todas as noções que
transmite, mesmo sobre as coisas que lhe sejam mais estranhas no estado
normal".
Allan Kardec rebate a tese da lucidez nos seguintes termos: "Se, portanto, essa lucidez é tal como a
supondes, por que teriam eles atribuído aos Espíritos aquilo que teriam tirado
de si mesmos? Como teriam dado esses ensinamentos tão preciosos, tão lógicos,
tão sublimes sobre a natureza das inteligências extra-humanas? De duas, uma: ou
eles são lúcidos, ou não são. Se o são, e se podemos confiar na sua veracidade,
não se poderia admitir sem contradição que não estejam com a verdade. Em
segundo lugar, se todos os fenômenos provêm do médium, deviam ser idênticos
para um mesmo indivíduo e não se veria a mesma pessoa falar linguagens
diferentes, nem exprimir alternadamente as coisas mais contraditórias".
A teoria de meio ambiente é outra forma de explicar a
comunicação dos Espíritos. Segundo esta teoria, o médium é ainda fonte das manifestações,
mas em vez de tirá-las de si mesmo, tira-as do meio ambiente. Na realidade,
"o médium seria uma espécie de espelho refletindo todas as idéias, todos
os pensamentos e todos os conhecimentos das pessoas que o cercam: nada diria
que não fosse conhecido de pelo menos de algumas delas". Ele captaria o
pensamento do inconsciente coletivo.
Allan Kardec, comentando tal assertiva,
diz: "Não se poderia negar, e vai mesmo nisto um princípio da Doutrina, a
influência exercida pelos assistentes sobre a natureza das manifestações. Mas
essa influência é bem diversa do que se pretende e entre ela e a que faria do
médium um eco dos pensamentos alheios, há grande distância, pois milhares de
fatos demonstram peremptoriamente o contrário". O Espiritismo, baseando-se
em fatos, afirma que a comunicação é feita através da mediunidade, em que um
Espírito desencarnado, toma o corpo de um médium e transmite as suas mensagens.
Toda comunicação mediúnica tem uma certa
porcentagem de animismo, que é a influência do médium e dos assistentes no teor
da mensagem transmitida pelo Espírito comunicante. Aí está a importância deste
estudo.
Fonte de Consulta
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos.
8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
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