02 julho 2008

Lei e Consciência

As circunstâncias que nos cercam constam de muitas e diferentes "coisas" - chamadas de "entes" - pelos filósofos. Suas características comuns são: existem num determinado lugar; têm começo, meio e fim; estão sujeitas às mudanças; são particulares e; podem não existir. No meio desse mundo aparece a Lei, porém sem essas particularidades apontadas. Exemplo: a Lei matemática não está num determinado lugar; não está sujeita ao tempo; não é individual; é universal. Isto quer dizer que dois mais dois são quatro em qualquer parte do globo.

A Ciência investiga, formula hipóteses e tira conclusões das Leis, mas não se interessa em explicar o que é a Lei. Essa tarefa cabe à Filosofia. E, nesse mister, os próprios filósofos entram em contradição: se idealistas, a fonte da explicação está no espírito; se materialistas, na matéria. A Filosofia espírita lança-nos uma luz sobre esse fato.

Allan Kardec, na pergunta 621 de O Livro dos Espíritos, afirma-nos que a Lei está escrita na consciência do ser. Diz-nos que entre as leis divinas ou naturais, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas; seu estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras concernem especialmente ao homem e às suas relações com Deus e com o seus semelhantes. Compreendem as regras da vida do corpo e as da vida da alma: são as leis morais.

O que significa dizer que a Lei Divina ou Natural está escrita na consciência do ser? Os Espíritos foram criados simples e ignorantes, porém potencialmente perfeitos. Assemelham-se a uma semente, que traz potencialmente a árvore e os frutos dentro de si mesma. A consciência se atualiza nas várias existências terrenas, sujeita ao uso do livre-arbítrio. Se optarmos pelo bem, avançaremos livremente; se pelo mal, dificultosamente.

A porta estreita - o caminho reto - exige esforços constantes. Nem sempre estamos dispostos a renunciar à nossa comodidade, aos nossos vícios e aos nossos defeitos. Quanto mais cedermos a essas atitudes, mais a nossa consciência fica obscurecida pelos apetites da carne em detrimento dos anseios do Espírito. Contudo, a Lei do Progresso é compulsória e deveremos retornar ao caminho da perfeição moral.

Por isso, a dor é o grande termômetro de nossa evolução espiritual. Afastando-nos da prática do bem, ela surge com todo o seu vigor, impulsionando-nos de volta, a fim de retomarmos a consciência das leis naturais que havíamos esquecidos.

Fonte de Consulta

BOCHENSKI, J. M. Diretrizes do Pensamento Filosófico. 5. Ed., São Paulo, EPU, 1973.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. São Paulo, FEESP, 1995

 


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