As circunstâncias que nos cercam
constam de muitas e diferentes "coisas" - chamadas de
"entes" - pelos filósofos. Suas características comuns são: existem
num determinado lugar; têm começo, meio e fim; estão sujeitas às mudanças; são
particulares e; podem não existir. No meio desse mundo aparece a Lei,
porém sem essas particularidades apontadas. Exemplo: a Lei matemática não está
num determinado lugar; não está sujeita ao tempo; não é individual; é
universal. Isto quer dizer que dois mais dois são quatro em qualquer parte do
globo.
A Ciência investiga, formula hipóteses e tira
conclusões das Leis, mas não se interessa em explicar o que é a Lei. Essa
tarefa cabe à Filosofia. E, nesse mister, os próprios filósofos entram em
contradição: se idealistas, a fonte da explicação está no espírito; se
materialistas, na matéria. A Filosofia espírita lança-nos uma luz sobre esse
fato.
Allan Kardec, na pergunta 621 de O Livro
dos Espíritos, afirma-nos que a Lei está escrita na consciência do ser.
Diz-nos que entre as leis divinas ou naturais, umas regulam o movimento e as
relações da matéria bruta: são as leis físicas; seu estudo pertence ao domínio
da Ciência. As outras concernem especialmente ao homem e às suas relações com
Deus e com o seus semelhantes. Compreendem as regras da vida do corpo e as da
vida da alma: são as leis morais.
O que significa dizer que a Lei Divina ou Natural
está escrita na consciência do ser? Os Espíritos foram criados simples e
ignorantes, porém potencialmente perfeitos. Assemelham-se a uma semente, que
traz potencialmente a árvore e os frutos dentro de si mesma. A consciência se
atualiza nas várias existências terrenas, sujeita ao uso do livre-arbítrio. Se
optarmos pelo bem, avançaremos livremente; se pelo mal, dificultosamente.
A porta estreita - o caminho reto - exige esforços
constantes. Nem sempre estamos dispostos a renunciar à nossa comodidade, aos
nossos vícios e aos nossos defeitos. Quanto mais cedermos a essas atitudes,
mais a nossa consciência fica obscurecida pelos apetites da carne em detrimento
dos anseios do Espírito. Contudo, a Lei do Progresso é compulsória e deveremos
retornar ao caminho da perfeição moral.
Por isso, a dor é o grande termômetro de nossa
evolução espiritual. Afastando-nos da prática do bem, ela surge com todo o seu
vigor, impulsionando-nos de volta, a fim de retomarmos a consciência das leis
naturais que havíamos esquecidos.
Fonte de Consulta
BOCHENSKI, J. M. Diretrizes do
Pensamento Filosófico. 5. Ed., São Paulo, EPU, 1973.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. São
Paulo, FEESP, 1995
Nenhum comentário:
Postar um comentário