Melancolia é
um estado mórbido de tristeza, languidez e depressão. Há certas ocasiões em que
o pavor e o desespero invadem de tal maneira a nossa alma, que nos sentimos
vencidos, enfraquecidos e derrotados. A melancolia arrebata a nossa força
vital, induz-nos ao choro e arremessa os nossos pensamentos ao mais sombrio dos
mundos. As lágrimas deslizam pela nossa face. Sentimo-nos impotentes frente aos
desígnios divinos. Buscar orientações espirituais nos livros sagrados parece
ser o único consolo prático.
A melancolia é uma característica dos grandes
homens ou da humanidade? Aristóteles,
filósofo grego da Antiguidade, adverte que ela seria uma condição apenas dos
grandes homens. A orientação dos Espíritos superiores, contudo, diz o
contrário. Eles alegam que o Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade e
que, preso ao corpo que lhe serve de prisão, se extenua em vãos esforços para
dele sair. Mas, vendo que são inúteis tais esforços, cai na languidez e no
abatimento.
A melancolia faz-nos voltar para dentro de nós
mesmos. É uma forma de fazer uma reflexão sobre
o nosso nada, a nossa impotência, a nossa fraqueza. Quando nos voltamos para o
nosso interior, vemos o quanto somos dependentes uns dos outros, o quanto
precisamos do auxílio dos guias espirituais que nos acompanham. Há, porém, no
meio dessa sofreguidão, um consolo: o de que o mundo material é apenas uma
escola, um meio de passarmos pelas nossas provas e expiações. Nu viemos, nu
voltaremos. Eis o grande ensinamento que nos remete à tomada de consciência de
nossa pequenez.
Evocar o mistério é uma atitude constante dos
melancólicos. O desejo reprimido, a esperança
torturada – que nossa razão julga difícil de acontecer – parece já estar
realizada no íntimo de nossa alma. Há, no meio das maiores dificuldades, uma
luz interna que nos dá calma, tranquilidade, paz e harmonia, apesar de todo o
exterior conspirar contra nós. É que a fé está acima da razão humana. É ela que
nos dá a direção correta de nossos passos e orienta o nosso caminho, a fim de
que o percorramos segundo os desígnios divinos e não os nossos.
Diante de qualquer dificuldade, lembremo-nos das
orientações espirituais: "Resisti com energia a essas impressões que
enfraquecem vossa vontade. Essas aspirações para uma vida melhor são inatas no
espírito de todos os homens, mas não as procureis neste mundo. Lembrai-vos de
que tendes a cumprir uma missão, durante vossa prova na Terra, uma missão de
que nem suspeitais. Seja em vos devotando à vossa família, seja cumprindo os
deveres que Deus vos confiou. E se, no curso dessa prova, e desempenhando a
vossa tarefa, vede os cuidados, as inquietações, os desgostos se precipitarem
sobre vós, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os francamente;
eles são de curta duração".
"As dificuldades aumentam quando caminhamos
para o fim". Não nos enganemos com os fogos fátuos do divertimento barato
e da imaginação fértil. A vida foi feita para ser vivida e não para ser
conhecida. Estejamos sempre atentos, pois nada acontece por acaso.
Fonte de Consulta
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984, capítulo V, item 25.
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