Santo Agostinho (354-430 d.C.), filho de Patrício
e Mônica, nasceu em Tagaste, norte da África. Aos 16 anos, foi estudar direito
em Cartago. Em 375, começou a se dedicar à filosofia, como resultado da leitura
de Hortêncio, de Cícero. Converteu-se ao Maniqueísmo. Por algum
tempo, atraiu-o o neoplatonismo. Em 386, sob a influência de Ambrósio, torna-se
cristão e, em 391, é ordenado, mesmo contra a sua vontade, bispo de Hipona.
Exerceu esse mandato por mais de 30 anos. Morreu em Hipona, aos 76 anos,
durante cerco da cidade pelos vândalos.
Santo Agostinho
deixou-nos muitas obras. A Cidade de Deus e Confissões são as mais importantes. Na Cidade de Deus discute o problema do bem e do mal e
as relações entre o mundo material e o mundo espiritual. Na cidade dos homens,
o egoísmo humano leva os governos à guerra e às mortes; na cidade de Deus, as
relações são governadas pela justiça e caridade, tendo-se paz e harmonia. Em Confissões, faz uma autobiografia: conta em detalhes
o drama de um pecador, principalmente na época em que era pagão.
Santo Agostinho, na
época da Patrística, procurou relacionar a fé, vinda da revelação, com a razão,
vinda da filosofia grega. Até então havia muita dúvida, pois alguns pais da
Igreja afirmavam que a fé estava acima da razão. Para ele não há contradição
entre fé e razão, pois Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis e
eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões não existem em um
mundo à parte, como afirmava Platão, mas na própria mente ou sabedoria divina,
conforme o testemunho da Bíblia.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo há várias
comunicações mediúnicas, ditadas por Santo Agostinho. Pergunta-se: essas
comunicações são genuinamente espíritas ou trazem um ranço do catolicismo? Pelo
fato de exercer muitos anos o bispado, não há um automatismo dos conceitos
religiosos? A princípio, poderíamos dizer que sim. Mas, lendo uma nota de Allan
Kardec, mudamos de ideia. Ele nos diz que o Espírito, desprovido do corpo físico, faz
uma melhor avaliação do que seja a verdade. Pode penetrá-la mais
facilmente do que se estivesse no corpo físico.
A caminhada espiritual
de Santo Agostinho assemelha-se à trajetória de Paulo, quando uma intensa luz o
cega no caminho de Damasco. A partir desse momento, opera-se uma mudança
radical em sua existência: de perseguidor dos cristãos passa a ser perseguido.
O mesmo acontece com Santo Agostinho: tomando consciência de que vida é muito
mais do que a existência física, lança-se com todo o vigor do seu Espírito na
obtenção da felicidade, que não é fruto dos prazeres da matéria, mas, sim, dos
gozos do Espírito imortal.
Aprendamos com os
exemplos dos grandes homens. Eles podem ser um excelente incentivo para a nossa
mudança de atitude. Basta apenas que nos disponhamos a sair do nosso comodismo.
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