Em
nosso estudo sobre Materialismo Dialético e Espiritismo procuramos fazer uma
comparação entre o materialismo dialético (Feuerbach) e o materialismo
histórico (Marx-Engels) com os princípios elaborados pelo Espiritismo.
Para
uma melhor compreensão do problema, não devemos confundir o materialismo,
tratado filosoficamente, com o materialista, pessoa apegada à matéria. O
materialismo, filosoficamente considerado, concebe a matéria como essência e o
Espírito como epifenômeno, ou seja, o Espírito depende da matéria. Não
necessariamente ele é materialista (apegado à matéria). Para o Idealismo
(Hegel), o Espírito é a essência e a matéria um epifenômeno. Marx, por exemplo,
dizia que os aspectos econômicos sobreporiam os aspectos filosóficos e
religiosos. Por isso, a sua repulsa pela religião, considerando-a o ópio do
povo.
O
grande perigo da tese materialista é que, dando importância à matéria em
detrimento do Espírito, ela pode nos motivar a ser materialistas, ou seja,
apegados à matéria. Daí, a nossa corrida para os gozos do corpo, para as
diversões, para os prazeres, para o consumo desenfreado de bens materiais. Se a
vida termina com a morte, por que nos preocuparmos com a vida futura? É melhor
gozar no dia de hoje. A sociedade, tendo que atender primeiramente as
necessidades materiais, direciona suas atividades para o que é útil, o que dá
produtividade, o que dá lucro. As atividades voltadas para o amor ao próximo,
ensinada por Jesus, ficam para um segundo plano.
Observe
a revolução científico-tecnológica da atualidade, bem contrária de
quando a ciência foi criada no século XVI e XVII. Naquela época, optava-se pela
ênfase cognitiva, onde um único cientista ficava vários anos para conseguir
uma grande descoberta. Hoje, fala-se em "ciência tecnológica", em que
várias equipes de cientistas trabalham num único projeto, financiado tanto pela
iniciativa privada quanto pelo Estado. O cientista que quer fazer ciência pelo
amor à ciência, acaba sendo marginalizado, pois não dá lucro.
Vejamos,
contudo, do ponto de vista espiritual. O ser humano produz por produzir. Mas
saberá ele para que fim? Os meios (produção) ficam acima do fim (evolução do
ser). Em se tratando de uma vida além desta, o que levaremos para lá? Levaremos
as nossas riquezas materiais, os nossos títulos acadêmicos, as nossas posses?
Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ao tratar do problema da riqueza,
diz-nos que a verdadeira propriedade não é nada daquilo que é para o uso corpo,
mas tudo o que para o uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Esclarece-nos
que somos apenas usufrutuários dos bens materiais dispostos por Deus.
Acrescenta que é na caridade que está a salvação da alma. Um agravante: a morte não muda o nosso estado interior,
apenas nos muda de plano. Quer dizer, sendo apegados à matéria, continuaremos
do lado de lá. Nesse mister, há muitas passagens espíritas que relatam a
situação de sofrimento desses Espíritos nessas condições.
Importante: o
desprendimento dos bens terrenos não significa esbanjamento, pois teremos de
prestar contas dos bens colocados à nossa disposição para o auxílio do próximo.
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