Pecado-
do lat. peccatum significa transgressão de preceito
religioso. Pecador - aquele que comete uma ofensa a Deus. A
relação entre pecado e pecador depende do conteúdo de conhecimento que cada um
tem com relação às leis naturais. Para os que ignoram a lei, o pecado inexiste,
porque não lhes vêm à tona que podem estar em erro. Por isso, há grande
dificuldade em julgarmos a conduta alheia, porque quando julgamos, julgamos
segundo as nossas limitações pessoais.
A confissão do pecador é bastante útil. Não, porém,
da forma auricular, que acaba tornando-se um martírio para a religiosa
católica, que imbuída da espiritualidade que lhe é própria, tem que se sujeitar
a revelar os seus segredos íntimos aos padres solteiros. Vale lembrar que a
confissão na antiguidade tinha outro móvel, pois quando se
pronunciava publicamente os pecados era para não mais cometê-los. Na visão moderna,
confessar-se uns aos outros é ir até o ofendido e pedir-lhe desculpas pelo
agravo cometido.
Digno de nota é o episódio da mulher adúltera. Ao
pretenderem apedrejá-la, Jesus argui: "Quem estiver sem pecado que
atire a primeira pedra?" Depois que todos se retiraram, Jesus a sós
com a mulher, disse-lhe: vá e não peques mais. O apóstolo João não se
conformando com a absolvição da pecadora, pede explicações ao Mestre. Jesus lhe
diz: por acaso sabes o que se passa no coração do próximo? Quantas não são as
vicissitudes que está passando essa mulher? Acusá-la não será aumentar a sua
chaga? É lógico que não devemos ser coniventes com o mal, mas a razão suprema
nos induz a perdoar sempre.
O perdão auxilia a libertação do pecador. Jesus
dissera que devíamos perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes; quer
dizer, indefinidamente. Mas por que perdoar? O Espírito Humberto de Campos, no
capítulo 10 do livro Boa Nova, psicografado por Francisco Cândido Xavier, dá-nos
algumas orientações, quando narra o diálogo entre Felipe e Jesus. Na ocasião
Felipe indaga sobre o perdão, e o Mestre elucida: mas, não será vaidade
exigirmos que toda a gente faça de nossa personalidade elevado conceito?
Felipe, sabes de algum emissário de Deus que fosse apreciado em seu tempo?
A vitória sobre o pecado exige luta constante. A
lei de renovação modifica o rumo de nossa vida. Os antigos ideais, os sonhos
sensíveis perdem-se nas brumas do tempo. Acabamos presos da solidão ao meio da
multidão. Muitos, no meio desses supremos instantes de dor, desanimam-se e
voltam-se para as zonas inferiores. Contudo, os que perseveram experimentarão a
resistência até o sangue. Nesse sentido, confessar-nos publicamente os nossos
erros é fácil, outra coisa é realizarmos a obra de elevação de nós mesmos,
valendo-nos da autodisciplina, da compreensão fraterna e do espírito de
sacrifício.
O preço da liberdade é a eterna vigilância.
Saibamos desprendermo-nos de nós mesmos, a fim de capacitarmo-nos a perceber
com maior nitidez os diversos matizes da lei de Deus.
Fonte de Consulta
GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi. Lisboa, Imprensa Nacional, 1985-1991.
XAVIER, F. C. Boa Nova (pelo
Espírito Humberto de Campos). 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
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A palavra
"pecado" é a tradução do latim peccatum, que significa culpa.
Esta vem a ser, por sua vez, tradução do grego bíblico hamartia, que
significa deficiência ou erro, e que por sua vez é transcrito da palavra
hebraica hatta'to, que poderia ser traduzida com mais precisão pela
expressão "errar o alvo". Pecar é errar o alvo, orientar mal o
próprio desejo ou então deixar de atingir o verdadeiro objetivo visado.
(LENOIR, Frédéric. Pequeno Tratado de Vida Interior. Tradução Clóvis Marques.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, capítulo 9)
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