A cada momento do dia estamos sujeitos a inúmeros focos de
irritação: é o vizinho que faz barulho até altas horas da noite; o colega de
trabalho que vai à reunião e não desliga o seu celular; a pessoa que nos pede
algo emprestado e nunca mais devolve. Como convivemos com essas situações?
Estamos sempre estressados ou não ligamos para esses acontecimentos?
Comportamento. "Porto", em
latim, significa levar. Em português passou a forma reflexiva: portar-se. O
prefixo "com" denota um modo global de levar-se, portar-se. É o
conjunto organizado das operações selecionadas em função das informações
recebidas do ambiente por meio das quais o indivíduo integra as suas tendências.
Em sentido mais geral, designa a mudança, o movimento ou a reação de qualquer
entidade ou sistema em relação a seu ambiente ou situação. Mudar significa tornar-se diferente do que era,
física e moralmente.
As nossas encarnações passadas constituem o nosso passivo
espiritual. É aí que estão registrados os nossos hábitos e automatismos, tanto
para bem como para mal. A cada nova encarnação o Espírito utiliza-se desses
dados para se expressar. A isso denominamos tendência, ou seja, as disposições
de cada um de nós frente a vida. Pavlov, ao estudar os reflexos, denominou-os
de reflexo inato e reflexo condicionado. Por reflexo inato entende-se uma
resposta espontânea da espécie; por reflexo condicionado, uma resposta
adquirida.
As nossas tendências podem dirigir-se para o vício ou para a
virtude. É sumamente importante refletir sobre elas, ou seja, tomarmos
consciência do nosso pensar, do nosso sentir e do nosso agir. Assim procedendo,
vamos nos conhecendo melhor e observando a nossa própria conduta no seio da
sociedade. É o que fazia Santo Agostinho, quando se avizinhava o sono noturno:
repassava o seu dia para verificar como fora em pensamento, palavras e atos, no
sentido de perceber algum mal que tivesse praticado em relação ao seu próximo.
A mudança do comportamento, mais especificamente o vicioso, não é
tarefa fácil. Por quê? É que todo o esforço para vencer os condicionamentos
acabam por formar novos condicionamentos. Observe o indivíduo que quer parar de
fumar. Para isso, ele começa a chupar bala; depois, não consegue para de chupar
bala. Além do mais, a mudança exige um esforço hercúleo para não violentar o
nosso eu. É que influenciado pelo que nos falam, não percebemos que o que
importa é o crescimento do Espírito, as qualidades intrínsecas que vamos lhes
acrescentando, o que naturalmente irá expulsar os vícios, pois eles não mais
farão parte de nossos automatismos.
Empenhemo-nos na autoconsciência. Quem sabe se essa busca de nós
mesmos não seja o principal estímulo de nossa evolução espiritual, das mudanças
para o bem que o nosso Espírito imortal almeja?
Nenhum comentário:
Postar um comentário