O milagre pode
ser visto de diversas formas. No entender das massas, é um fato extranatural.
Em teologia, é uma derrogação das Leis Naturais por meio do qual Deus manifesta
o seu poder. Segundo o Espiritismo, o milagre é sempre o coroamento, mas nunca
derrogação das Leis Naturais, que funcionam igualmente, para todos. É a
designação de fatos naturais cujo mecanismo familiar à Lei Divina ainda se
encontra defeso ao entendimento fragmentário da criatura.
Na antiguidade
clássica grega, o milagre significava um fato excepcional ou inexplicável,
considerado como sinal da vontade divina. Esta ideia predominou
na Idade Média. São Tomás de Aquino, por sua vez, enfatizava que o milagre
é aquilo que excede a faculdade da natureza, cujo objetivo é a manifestação de
algo sobrenatural. Quando se começa a insistir na ordem necessária da natureza,
principalmente com o aparecimento da ciência moderna, o milagre passou a ser
uma "exceção" a essa ordem. Hume, inclusive, chegou a afirmar que
"O milagre é uma violação das leis da natureza".
O sobrenatural é a palavra-chave no estudo dos milagres. O sobrenatural
é o que acontece na natureza, mas não decorre das forças da natureza, de modo
que não pode ser explicado com base nela. Para a teologia, o milagre é sinal de
aparecimento de uma nova ordem no mundo – a ordem sobrenatural da salvação. No
Velho Testamento, Deus dá este "sinal" ao povo de Israel; no Novo
Testamento, Jesus Cristo é o próprio arauto da salvação. Todos os milagres,
realizados por Jesus, nada mais são do que um prolongamento desse milagre
inicial, que foi a vinda do Cristo ao mundo.
Para o Espiritismo,
os milagres decorrem de uma falsa interpretação das Leis Naturais. Um estudo
acurado dos fluidos esclarece-nos a questão. De acordo com Allan Kardec, há os
fluidos emanados dos Espíritos (magnetismo espiritual), os fluidos do magnetizador (magnetismo humano) e uma interpenetração de ambos (magnetismo misto, semi-espiritual ou humano-espiritual). Com isso, explicamos o mecanismo das
curas, das aparições e de tantos outros milagres que ocorreram ao longo do
tempo.
Examinemos
alguns desses milagres à luz da Doutrina Espírita: 1) A pesca miraculosa. Jesus não produziu peixes onde não os havia; foi a
sua dupla vista que encaminhou a rede para o local dos peixes; 2) a cura da mulher que sofria de hemorragia. A virtude que saíra de Jesus
é a propagação do seu magnetismo curador; 3) o cego de nascença. A lama feita de saliva e terra não
valeria nada se não fosse impregnada do fluido curador de Jesus; 4) Jesus caminha sobre as águas. Para este caso, há duas explicações: 1)
Jesus, estando alhures, mostra-se com o seu corpo fluídico; 2) um caso simples
de levitação.
O conhecimento dos princípios fundamentais do Espiritismo descortina-nos novos
horizontes. Vimos que o sobrenatural, tão alardeado pela crença religiosa, nada
mais é do que uma falsa interpretação da Lei Natural.
Compilação: https://sites.google.com/view/temas-diversos-compilacao/milagres
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"O milagre é invenção da gramática para efeito linguístico, pois na realidade somos arquitetos do próprio destino". (Capítulo 13 de Opinião Espírita)
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