Frustração –
do lat. frustratio que vem do advérbio frustra (em
vão, debalde). Ação de impedir que um ser atinja o objetivo ao que tende pela
sua própria dinâmica. Estado em que se encontra o organismo quando depara com
um obstáculo mais ou menos importante no caminho que o leva à realização
completa de um comportamento. É o choque entre o desejo e a realidade
imutável. Consolar – do lat. consolare –
significa aliviar ou suavizar a aflição, o sofrimento, o padecimento; dar
lenitivo a, mitigar, confortar.
A criança passa naturalmente por
diversas frustrações necessárias à sua educação: desmame, aprendizagem de
limpeza, interdições diversas. No adulto, as frustrações mais
sentidas são as de ordem afetiva: decepções sentimentais, perda de entes
queridos e desprezo. Há também as frustrações de ordem material, ou seja, o
barulho do vizinho, os gritos das crianças etc. Uma tendência frustrada nunca
perde o seu dinamismo: cabe-nos, como seres humanos racionais, saber
administrá-la no sentido de evitar a boêmia e estimular uma vida voltada para a
interioridade religiosa.
A impopularidade é uma forma de
frustração. Sócrates, o filósofo da maiêutica, trouxe-nos subsídios valiosos
para enfrentar tal desconforto, pois mesmo sendo condenado à morte pelo júri da
Grécia – possuidor da verdade –, soube manter a serenidade do espírito e a
independência do seu pensamento. O Espírito Emmanuel, um dos divulgadores da
doutrina cristã, alerta-nos que a iluminação de uma alma vale
mais do que os diversos postos de destaque conquistados na vida pública. A
política está sempre impregnada de interesses materiais de toda a ordem.
A falta de dinheiro é motivo de
frustração para muitos viventes. Epicuro defendia a seguinte tese: se tivermos
dinheiro e não tivermos amigos, liberdade e uma vida baseada na reflexão,
jamais seremos verdadeiramente felizes. E, se tivermos tudo, com exceção do
dinheiro, jamais seremos infelizes. Isso mostra que o dinheiro ajuda a
felicidade, mas não é o ponto fundamental. No âmbito da Doutrina Espírita, os
amigos espirituais estão sempre nos alertando que as provações da riqueza são
sempre mais difíceis do que as da pobreza. Além disso, deveremos prestar contas
tanto do poder como do dinheiro colocados em nossas mãos.
As inadequações culturais, sexuais e intelectuais são
outras fontes de frustração. Montaigne, em suas
viagens pelo mundo, alerta-nos para o principal entrave ao bom entendimento do
comportamento dos outros povos: a incapacidade de cada pessoa colocar-se no
lugar da outra. A Doutrina Espírita explica-nos que as pessoas do mundo todo,
ao se associarem em climas diferentes, formaram os seus usos e costumes
próprios, e seria impossível formarem uma só nação. Por isso, salienta a
necessidade de termos para com todos os indivíduos o máximo de respeito e
consideração no que tange ao seu modo de pensar e de agir.
Tenhamos confiança na Divina Providência. Por maior
que seja o problema, os amigos espirituais nos oferecem auxílio não só pelas
mensagens escritas, como também pelas inspirações que nos confortam sutilmente
o pensamento.
Fonte de Consulta
DE BOTTON, A. As Consolações da Filosofia.
Tradução de Eneida Santos. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
XAVIER, F. C. O Consolador, pelo
Espírito Emmanuel. 7. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1977.
ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia
de Moral e Civismo. Rio de Janeiro, M.E.C., 1967.
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