"O mal só é realmente mal para
quem o pratica." (Espírito Emmanuel)
O mal tem consistência própria? Não. O
mal é desprovido de substancialidade. Ele é a ausência do bem. Quando o
concebemos, reconhecemos que ele é pensado e combatido em função de um ideal,
que denominamos de bem.
O problema do mal no mundo é um dos que
mais intriga a mente humana. Como compreender a existência de homens perversos
que violam a inocência, oprimem os pobres, matam a sangue frio? Por que uns
nascem na opulência e outros na pobreza? Por que uns são aleijados e outros
repletos de saúde?
Na tentativa de explicar a presença do
mal no mundo, muitos pensadores estabeleceram a existência de dois princípios,
o do bem e do mal. Este sistema de ideia chamou-se maniqueísmo. Com o tempo
viram que não tinha fundamento, pois o princípio do mal se destituía por si
mesmo. Hoje, são poucos os que aderem a essa teoria.
A origem do mal é também motivo de
especulação filosófica e religiosa. De antemão, podemos afirmar que a sua
origem não pode estar em Deus, pois se admitirmos que Deus tenha criado o mal,
cai por terra um de seus atributos, ou seja, ser infinitamente bom.
Além do mais, teríamos que conceber a existência de dois deuses, um voltado
para o bem e outro para o mal, de modo que os dois estariam se digladiando
eternamente. Se sua origem não está em Deus, onde estaria? O ponto de partida é
o livre-arbítrio. No começo dos tempos vigorava o determinismo
divino, que orientava a evolução dos Espíritos. Conforme o Espírito foi tomando
conhecimento de si mesmo, adquiriu concomitantemente a liberdade e a
responsabilidade pelos atos praticados. O mal surge quando este Espírito se
desvia do ideal de bem, colocado por Deus em sua consciência. O desvio – por
orgulho, vaidade ou egoísmo – tem como contrapartida a dor. Esta. Por sua vez,
faz o Espírito retornar novamente à senda do progresso.
Por mais que divulguemos o mal, é o bem
que está sendo exaltado, porque o estamos comparando com um ideal, uma
perfeição, visto que estamos partindo do que é para aquilo
que deve ser. Assim sendo, a importância do mal se fundamenta na
espécie de bem que ele obsta. Observe a transformação de grandes homens: eles
perseguiam uma ideia e acabaram sendo seguidores daquilo que combatiam.
Exemplo: Paulo perseguia o cristianismo; depois, foi o seu maior propagador.
Muitos cientistas quiseram desmascarar as fraudes mediúnicas; inteirados de sua
lógica, mudaram completamente os seus conceitos. Exemplo: Crookes e as
materializações de Katie King.
O mal deve sempre ser combatido pelo
bem. Quando o bem está escondido, o mal se alastra. Do mesmo modo que as
sombras fogem da luz, o mal foge do bem. Ainda não temos plena consciência de
nossa importância na divulgação das verdades eternas. Muitas vezes, sofrendo o
mal, podemos ser os propagadores da luz. As pessoas que nos fazem o mal, que
zombam de nossa credulidade, acabam por nos propiciar a oportunidade de provar
nossa fé e de propalar as ideias do bem. O verdadeiro adepto da verdade não
pode se prender ao mal passageiro. Ele deve enfrentá-lo como os antigos
cristãos, que iam morrer no circo. A única diferença é que os novos mártires
devem sofrer o mal e continuar vivos para veicularem mais verdades.
O mal aí está para nos desafiar.
Exercitemos a caridade para com os ingratos, os infames, os criminosos e os
carrascos domésticos. Lembremo-nos de que a função da luz é clarear caminhos,
varrer sombras sem, contudo, contaminar-se.
&&&
Mal (c.5000 a.C.)
[Mesopotâmia]
Conceito de um ato
exercido com intenção deliberadamente dolosa.
"É preciso que
o mal exista para que o bem possa provar sua pureza sobre ele." [Sidarta
Gautama (Buda)]
Não há uma
definição única de mal usada no mundo inteiro, embora todas as línguas
tenham palavras que é esperado, moral ou "bom", da mesma maneira que
têm palavras para aquilo que é repulsivo, imoral ou "mau". Para os
mesopotâmicos, demônios maléficos causavam conflito e sofrimento. Assim, para a
proteção das pessoas contra essas forças do mal, realizavam-se rituais
religiosos e exorcismos. A ideia de ser punido por forças maléficas na vida
após a morte se originou com a religião dos zoroastristas, no segundo milênio
antes de Cristo, na qual os pecadores acreditavam que seriam mandados para a
Casa do Mal por toda a eternidade, enquanto os justos seriam mandados para a
Casa da Música.
ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander,
Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.
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