01 julho 2008

Economia e Espiritismo

Economia é o esforço que o homem faz para transformar os bens naturais em bens úteis. Segundo a teoria econômica, os bens são considerados úteis porque obtêm preço no mercado. Em função da escassez e limitação dos bens, os preços podem ser altos ou baixos. Exemplo: o diamante tem preço alto porque é raro, enquanto a água tem preço baixo porque é abundante.

A economia trata do bem-estar do ser humano. Sua finalidade é satisfazer as necessidades humanas. De acordo com os princípios da racionalidade econômica, deve-se produzir a maior quantidade de bens e serviços com o menor custo possível. Para tanto, os empresários se utilizam das técnicas de produção, cada vez mais sofisticadas, a fim de aumentar a produtividade e ter ganhos crescentes na escala de produção.

O funcionamento de um sistema econômico baseia-se na produção, na repartição, na circulação e no consumo das riquezas. Os agentes econômicos, ao transformarem os bens naturais em bens úteis, incorrem em alguns custos: compra da matéria prima, salários, juros, aluguel, impostos e outros. Após computar os gastos, esperam obter um lucro pela venda do produto final.

A ciência econômica contém os princípios que regem a obtenção da riqueza. O Espiritismo, pelos conhecimentos morais que faculta, dá ao homem condições de saber o uso que fará dela. A lei de oferta e procura expressa que, quanto maior for a procura de um bem, maior será o seu preço. Desconsiderando o fator moral, poderíamos simplesmente produzir o que desse maior lucro. Porém, a Doutrina Espírita alerta-nos para os aspectos da evolução espiritual do ser humano.

O lucro é uma necessidade enquanto represente a sustentação dos meios de produção. Para que ele seja lídimo, deve provir de atividades que levem em conta as finalidades da vida e a evolução espiritual dos indivíduos. Assim, os empresários, ao atenderem os desejos e necessidades dos consumidores, deverão fazê-lo consoante os objetivos maiores estabelecidos pelas leis naturais.

A reflexão sobre os princípios codificados por Allan Kardec faculta-nos a possibilidade de aplicarmos a economia do homem evoluído. Considerando-nos como usufrutuários dos bens materiais, poderíamos, depois de vencer o egoísmo individual e familial, direcionar todas as nossas energias mentais para a melhoria da sociedade em que vivemos.

Fonte de Consulta

AMORIM, D. O Espiritismo e os Problemas Humanos. São Paulo, USE, 1985.

CURTI, R. Espiritismo e Questão Social (Problemas de Atualidade I). São Paulo, FEESP, 1983.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

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Contribuição de Alexander Herzog Cardoso, em 15/06/2010

"Caro Sérgio,

Eu sou Economista e tenho influência do Espiritismo (Kardec) há mais de duas décadas. Não participando efetivamente do movimento Espírita, mas me dedico ao estudo dos escritos e da Doutrina.

Tenho pesquisado, recentemente, textos que tratam da questão da Economia e relacionados à visão do Espiritismo e tenho encontrado muitas formas confusas de se colocar a questão econômica dentro de uma visão Espírita. Principalmente no que se refere aos conceitos e conhecimentos sobre Economia. E achei no seu texto "Economia e Espiritismo" uma clara visão dos fundamentos da teoria econômica e de uma separação muito saudável, a meu ver, da questão central do Epiritismo que é a Moral, para depois relacioná-los com muita propriedade. Colocando desta forma, vejo dentro do seu texto uma indicação clara de que não devemos excluir a moral das questões referentes à escolha, alocação dos recursos e uso dos recursos e dos princípios que regem a produção (e distribuição) da riqueza.

Hoje em dia a riqueza, além de material, se desdobrou em imaterial. E podemos observar esse fato nas teorias que tratam da importância de ativos intangíveis para o desenvolvimento de países e empresas como educação, conhecimento, relacionamento, meio ambiente, ética, governança, etc, e nas próprias práticas das empresas que buscam construir esses ativos e realizar ações na área social que muito refletem em sua imagem perante a sociedade e na preocupação com o ser humano. São os primeiros lampejos das preocupações das empresas com as necessidades e problemas de nosso mundo, seja da forma como for, mas que significa um determinado distanciamento da idéia do lucro dentro da visão do capitalismo selvagem. Esperamos, e devemos influir também, que os mesmos o façam conforme os objetivos maiores das leis naturais.

Em minha trajetória é o que busco, pois estudo e pesquiso justamente a questão da influência dos chamados ativos intangíveis no desenvolvimento. É um assunto que dá muito pano para manga. Mas em resumo significa repensar o desenvolvimento econômico e social do ponto de vista de uma vertente teórica chama Economia do Conhecimento. Entre muitas definições, na minha visão a Economia do Conhecimento se resume muito em se definir como a ciência do uso dos recursos não-finitos (intangíveis como o conhecimento) para fins de desenvolvimento. E esse desenvolvimento está muito relacionado com essa economia do homem evoluído. E a Moral possui um papel sempre muito privilegiado nessa reflexão. Sem a qual sabemos, como Espíritas, das consequências para o ser humano, para sua existência póstuma e para a sociedade no decorrer de sua trajetória evolutiva.

A ferramenta principal dentro dessa visão é a Educação. A sua didática e pedagogia deve sempre elevar o intelecto do homem assim como tocar seu coração através das noções e exemplos morais nos deixadas por Cristo. O esforço se dá na canalização de nossas forças mentais para a melhoria da sociedade em que vivemos com base no ser humano instruído, consciente de suas potencialidades, limites e responsabilidades e preparando-o para encarar os desafios da vida e para se desenvolver através de seus talentos.

Ou seja, prover ao ser humano o conhecimento, o preparo e a capacidade mental, e também o suporte material para o seu desenvolvimento. E basear-se em uma estrutura moral clara, sabendo de suas implicações para o homem, para sua existência e para a sociedade, a fim de melhorarmos o mundo. Hoje me baseio na Doutrina Espírita para encontrar os elementos e noções para pensar essa problemática, sabendo de mistérios que existem entre o céu e a terra, conforme colocou o poeta Sheakespeare em Hamlet na virada do Séc. XVII, e que muitos destes mistérios foram descortinados para o homem de forma clara através da Filosofia Espírita.

Parabenizo-o pelo seu artigo e agradeço pela contribuição pública dos seus conhecimentos e talentos para nos ajudar a refletir sobre o homem e seu desenvolvimento.

Um abraço e mais uma vez parabéns pelo seu artigo.

Alexander"

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Economia e Religião

religião, principalmente aquela baseada nos textos evangélicos, parece condenar o dinheiro e a riqueza. Tem-se a impressão que o cristianismo subestima a dimensão econômica do homem. Do lado oposto, o marxismo cognomina o cristianismo como o ópio do povo, acusando-o de escapismo e alienação. O ser humano situa-se entre essas duas vertentes.

economia, que é a transformação dos bens naturais em bens úteis, representa a subsistência do homem. Este fato, básico e fundamental, estimula-nos a absolutilizá-la, no sentido de que todas as nossas ações ficam a ela subordinadas. Sendo assim, ela se torna inimiga do homem, pois cria no ser humano o desejo de posse, tornando-o opressor de outras pessoas. Investido de um cargo público, chega a escravizar outros povos, colocando-se acima da justiça.

Num primeiro momento, a Bíblia assume uma posição otimista da riqueza (ainda não tinha adquirido grandes proporções), quando esta é uma bênção de Deus aos seus eleitos. A única recomendação é que seja moderada. Quando a economia se desenvolve, o otimismo inicial dá lugar aos perigos e riscos do dinheiro, pois os seres humanos acabam usando o dinheiro para oprimir os seus semelhantes.

Evangelho não estimula nem condena a posse de riquezas. Do ponto de vista moral e religioso, alerta os homens para os males de uma obsessão pelo dinheiro e pelos bens econômicos.

Fonte de Consulta

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário Teológico para a América Latina. São Paulo: Paulinas, 1983.

 

 


Um comentário:

Tullio Bertini disse...

Recomendo um estudo vertente austríaca de economia(Escola Austríaca)e leitura do livro: Ação Humana (Ludwig Von Mises)