02 julho 2008

Fundamentos do Espiritismo

Fundamento é o princípio, a raiz, a origem em que repousa de fato uma ordem de fenômenos. Segundo Aristóteles, é conhecer a coisa pela causa, de modo que não a podemos conceber de outra maneira. Para uma melhor visualização, façamos uma comparação com a construção de um prédio: antes de subir as paredes, alocamos um tempo enorme nas fundações, pois do contrário as paredes poderiam ruir. O mesmo raciocínio deve ser aplicado à edificação da Doutrina Espírita: primeiro os fundamentos; depois, o complemento.

Quais são os fundamentos básicos do Espiritismo? Onde encontrá-los? Como absorvê-los? Enumerá-los não é tão difícil. Eis alguns deles: a Existência de Deus, a Reencarnação, a Lei de Causa e Efeito, a Mediunidade e a Evolução. Para encontrá-los, basta compulsar as obras básicas, principalmente O Livro dos Espíritos. O mais difícil, porém, é absorvê-los de maneira profunda, ou seja, fazê-los penetrar em nosso âmago, em nossa respiração, em nossos pensamentos mais secretos.

Enfatizamos que o Espiritismo foi construído sobre princípios e não sobre dogmas. Contudo, em O Livro dos Espíritos, deparamo-nos com o dogma da reencarnação. De imediato, imaginamos que foi erro de tradução. Indo ao original, verificamos que foi traduzido corretamente. Surge a dúvida: o Espiritismo tem ou não tem dogma? Para dirimi-la, é preciso distinguir o dogma do conhecimento dogmático. Os dogmas, geralmente religiosos, não admitem contestação. O conhecimento dogmático, embora possamos contestá-lo, não o fazemos, porque nos faltam argumentos para tal. A razão nos induz a aceitá-lo.

O Espiritismo, embora fundado sobre a lógica dos fatos, foi duramente criticado pelos sábios da época. Muitos deles, membros das Sociedades de Pesquisas Científicas, saíram a campo para desmascarar os truques, a farsa e a fraude dos fenômenos mediúnicos. Ao se defrontarem com os fatos, mudaram de opinião. Por quê? É que sendo cientistas, davam total importância ao fato, matéria prima de seu saber. Observe o trabalho hercúleo de William Crookes que, depois de se render ao fenômeno, estuda-o minuciosamente.

J. H. Pires costumava dizer que "A força do Espiritismo não está nos fenômenos, mas na sua Filosofia", ou seja, nas consequências morais que daí dimanam. Toda a pessoa que tiver contato com a Doutrina Espírita, e não procurar conformar a sua vida com as orientações dos Espíritos superiores, muito longe está dos seus fundamentos básicos. Ficar na superfície dos fenômenos mediúnicos não nos dá créditos para ganhar o céu. Não esperemos que a verdade nos pegue desprevenidos. Estejamos sempre à frente dos acontecimentos.

Pensar, conhecer, receber informações pertence a todos. O sentimento, que se tem da referida informação, pertence à individualidade. É aí que reside a grande transformação de Humanidade.

 

 

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