01 julho 2008

Evangelho e Espiritismo

Evangelho – do grego euangelion, toma a forma latina evangelio e significa na sua origem, "boa notícia". Entende-se também, como a doutrina do Cristo ou cada um dos quatro livros principais do Novo Testamento.

Os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João transcreveram, em sua essência, os ensinamentos trazidos por Jesus Cristo. Ao longo do tempo, os homens falíveis investidos de um cargo religioso, alteraram sua pureza doutrinária. A criação do latim nos rituais, o culto das imagens, a canonização, a confissão auricular, a adoração da hóstia e o celibato sacerdotal foram as formas estabelecidas para manter o povo na ignorância.

O Espiritismo é o "Consolador Prometido" anunciado por Jesus Cristo. É, antes de tudo, um processo de libertação de consciência, a fim de que os homens alcancem horizontes mais vastos. Não veio destruir a lei de Moisés, nem tampouco a "boa nova" do Cristo, mas restabelecer os princípios do cristianismo primitivo abafados pela má-fé, a ignorância, a simonia e o império da força das tradições religiosas vigentes.

Os Evangelhos compõem-se de cinco partes: 1) os atos comuns da vida do Cristo; 2) os milagres; 3) as profecias; 4) as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da Igreja; 5) os ensinamentos morais. Se as quatro primeiras partes foram objeto de controvérsias, a última mantém-se inatacável. Allan Kardec, ao codificar o "Evangelho Segundo o Espiritismo", limita-se somente a parte moral, pois este é o terreno onde todos os cultos podem se reencontrar, visto não ser alvo de disputas religiosas.

A forma alegórica, o misticismo intencional da linguagem dos textos evangélicos, a disseminação dos preceitos de moral aqui e ali, confundidos na massa de outras narrações, passam desapercebidos, dificultando a compreensão do conjunto. Kardec, para evitar esses inconvenientes, reuniu os artigos que podem constituir um código de moral universal, sem distinção de cultos. Secundado pelos Espíritos superiores, esclarece-nos as conseqüências de cada ensinamento veiculado por Jesus.

O Evangelho, para o Espiritismo, é processo educacional constante. Ele deixa de ser apenas a fonte de meditação e oração para a ligação do homem com Deus, no insulamento, para transformar-se num instrumento de aperfeiçoamento do indivíduo: substituição dos automatismos no mal pelos da prática do bem. quando os preceitos evangélicos estiverem aclimatados nos corações dos homens, a evolução pode dispensar o concurso religioso, pois toda a Humanidade estará integrada na religião, que é a própria verdade.

Fonte de Consulta

CURTI, R. Espiritismo e Questão Social (Problemas da Atualidade I). São Paulo, FEESP, 1983.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.

XAVIER, F. C. Emmanuel (Dissertações Mediúnicas), pelo Espírito Emmanuel. 9. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.

XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1980.


Complemento

Em linhas gerais, pode-se dizer que Evangelho é "anunciar a salvação".

“Completaram-se os tempos. O Reino de Deus está próximo”. (Mc 1,15), eis o essencial da mensagem da Boa-Nova. A própria pessoa do mensageiro torna-se o centro da boa-nova.

Paulo é por excelência o homem do evangelho. Deus o segregou para o evangelho (Rm 1,1). Revelou-lhe seu Filho para que o “anuncie entre os pagãos”. (G1 1,1)

Quando no decorrer do século II, o termo “evangelho” começou a designar a relação escrita da vida e dos ensinamentos de Jesus, não perdeu por isso a sua significação primitiva. Continuou a significar a boa-nova da salvação e do Reino de Deus em Cristo.



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