01 julho 2008

Exotérico, Esotérico e Espiritismo

Esotérico - do grego esotericos, significa ensinamento que, em escolas filosóficas da Antigüidade grega, era reservado aos discípulos completamente instruídos. Exotérico - do gr. exotericos, pelo lat. exotericu, ensinamento que, nestas mesmas escolas, era transmitido ao público sem restrição, dado o interesse generalizado que suscitava e a forma acessível em que podia ser expresso, por se tratar de ensinamento dialético, provável, verossímil.

O par de termos "esotérico/exotérico", corresponde à oposição entre interno-externo, secreto-público, reservado-profano, privilegiado-popular e semelhantes. Dos dois termos, o esotérico é o mais significativo porque acentua o aspecto positivo da relação, ou seja, o âmbito propriamente reservado e secreto. A antítese evoca essencialmente o privilégio de alguns e a exclusão de outros, um critério de seleção e de discriminação para com uma massa indiferenciada e a favor de poucos eleitos.

Desde as sociedades primitivas até os nossos dias, a oposição esotérica/exotérica está presente no seio da sociedade. O clã, ao transformar-se em tribo, é o primeiro característico desta antítese. Na Grécia antiga, os mistérios elêusicos e órficos são fundamentais para a distinção entre o sagrado e o profano. A formação de várias sociedades secretas, tais como a cabala, a rosa-cruz, a maçonaria e a própria teosofia corroboram a tese do hermetismo e sua veiculação somente aos iniciados.

Allan Kardec, ao codificar a Doutrina dos Espíritos, preocupou-se em tornar universal a unidade de seus princípios. Para isso, valeu-se de médiuns espalhados pelo mundo todo. Cuidou, essencialmente, de apresentar metodicamente o conteúdo doutrinário, a fim de eliminar quaisquer dúvidas de interpretação, como aquelas ocorridas com os ensinos orais de Cristo. Deixou claro que o Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto.

A divulgação espírita, para atender aos objetivos da universalidade, deve ser exotérica. Não resta dúvida que na sua propagação existem muitos pontos esotéricos, pois a pedagogia evangélica ensina que não se deve dar pérolas aos porcos, ou seja, a transmissão do conhecimento deve ser proporcional à compreensão do ouvinte. Contudo, essa forma de entender o Espiritismo é completamente diferente daquela usada pelas sociedades secretas, que expõe o conhecimento, somente ao iniciados, reservadamente.

O Espiritismo deve, assim, subsidiar a racionalidade do nosso pensamento, a fim de que possamos captar um número cada vez maior de verdades eternas, disseminadas no cosmo.

Fonte de Consulta

GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi. Lisboa, Imprensa Nacional, 1985-1991.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.







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