Esotérico -
do grego esotericos, significa ensinamento que, em escolas
filosóficas da Antigüidade grega, era reservado aos discípulos completamente
instruídos. Exotérico - do gr. exotericos, pelo
lat. exotericu, ensinamento que, nestas mesmas escolas,
era transmitido ao público sem restrição, dado o interesse generalizado que
suscitava e a forma acessível em que podia ser expresso, por se tratar de
ensinamento dialético, provável, verossímil.
O par de termos "esotérico/exotérico",
corresponde à oposição entre interno-externo, secreto-público,
reservado-profano, privilegiado-popular e semelhantes. Dos dois termos, o
esotérico é o mais significativo porque acentua o aspecto positivo da relação,
ou seja, o âmbito propriamente reservado e secreto. A antítese evoca
essencialmente o privilégio de alguns e a exclusão de outros, um critério de
seleção e de discriminação para com uma massa indiferenciada e a favor de
poucos eleitos.
Desde as sociedades primitivas até os nossos dias,
a oposição esotérica/exotérica está presente no seio da sociedade. O clã, ao
transformar-se em tribo, é o primeiro característico desta antítese. Na Grécia
antiga, os mistérios elêusicos e órficos são fundamentais para a distinção
entre o sagrado e o profano. A formação de várias sociedades secretas, tais
como a cabala, a rosa-cruz, a maçonaria e a própria teosofia corroboram a tese
do hermetismo e sua veiculação somente aos iniciados.
Allan Kardec, ao codificar a Doutrina dos
Espíritos, preocupou-se em tornar universal a unidade de seus princípios. Para
isso, valeu-se de médiuns espalhados pelo mundo todo. Cuidou, essencialmente,
de apresentar metodicamente o conteúdo doutrinário, a fim de eliminar quaisquer
dúvidas de interpretação, como aquelas ocorridas com os ensinos orais de
Cristo. Deixou claro que o Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será
ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro
acerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto.
A divulgação espírita, para atender aos objetivos
da universalidade, deve ser exotérica. Não resta dúvida que na sua propagação
existem muitos pontos esotéricos, pois a pedagogia evangélica ensina que não se
deve dar pérolas aos porcos, ou seja, a transmissão do conhecimento deve ser
proporcional à compreensão do ouvinte. Contudo, essa forma de entender o
Espiritismo é completamente diferente daquela usada pelas sociedades secretas,
que expõe o conhecimento, somente ao iniciados, reservadamente.
O Espiritismo deve, assim, subsidiar a
racionalidade do nosso pensamento, a fim de que possamos captar um número cada
vez maior de verdades eternas, disseminadas no cosmo.
Fonte de Consulta
GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi.
Lisboa, Imprensa Nacional, 1985-1991.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
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