01 julho 2008

Fenomenologia e Espiritismo

Fenomenologia é definida como "um estado puramente descritivo dos fatos vividos de pensamento e de conhecimento". Hegel, na sua obra Fenomenologia do Espírito (1807), expõe que o progresso da consciência se realiza de forma dialética até atingir o saber absoluto; Kant, por outro lado, separa os juízos "a priori" (essências) e os juízos "a posteriori". Somente em Husserl, a fenomenologia toma o sentido corrente e específico: "o fenômeno constitui, pois, a manifestação do que é, aparência real e não aparência ilusória".

A fenomenologia, portanto, para Husserl e seus seguidores, significa uma redução do "eu transcendental". Nela, supõe-se que os dados da consciência relativos aos fenômenos, não podem estar separados da essência. O grande desafio do ser humano é captar a essência que está embutida na existência. Neste mister, cabe-nos renunciar aos dogmas a aos preconceitos, tala qual fizeram Descartes, Hume e outros.

A fenomenologia, dentro da ótica espírita, pode ser visualizada pela análise do Espírito, do Perispírito e da Mediunidade. O Espírito é a essência primeira, o princípio inteligente, que na fase humana adquire o pensamento contínuo, a razão e o livre-arbítrio. A cada nova existência, torna-se mais consciente das verdades eternas, o que lhe capacita crescer, eficazmente, em sabedoria e virtude.

O Perispírito, formado pelo fluido cósmico de cada globo, é o elo de ligação entre o Espírito e o Corpo Físico. Nele, encontra-se a resolução de muitos problemas da nossa atual existência. O seu campo mental está impregnado, não só de nossas ações passadas, como também de nossas perspectivas futuras. Por isso, embora haja o esquecimento do passado, temos as intuições e as inspirações, que nos orientam acerca das decisões que devemos tomar.

A mediunidade, por último, mostra-nos que as essências do mundo espiritual podem se comunicar com as essências do mundo material. O perispírito é o principal intermediário do contato mediúnico. Através dele, nota-se a interposição do Espírito desencarnado com o encarnado, dando-se a errônea impressão, aos videntes, de que um "incorpora" no outro.

A reflexão, desprovida de interesses pessoais, faculta-nos analisar qualquer tema sob a ótica espírita. Isto auxilia-nos a melhorar substancialmente a nossa cosmovisão transcendental da vida.

Fonte de Consulta

PIRES, J. H.. Introdução à Filosofia Espírita. 1.ed., São Paulo, Paideia, l983.

SÃO MARCOS, M. P.. Filosofia Espírita e seus Temas. 1.ed., São Paulo, FEESP, l993.


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