O par de termos "esotérico/exotérico", corresponde à
oposição entre interno-externo, secreto-público, reservado-profano,
privilegiado-popular e semelhantes. Dos dois termos, o esotérico é o mais
significativo porque acentua o aspecto positivo da relação, ou seja, o âmbito
propriamente reservado e secreto. A antítese evoca essencialmente o privilégio
de alguns e a exclusão de outros, um critério de seleção e de discriminação para
com uma massa indiferenciada e a favor de poucos eleitos.
Desde as sociedades primitivas até os nossos dias, a
oposição esotérica/exotérica está presente no seio da sociedade. O clã, ao
transformar-se em tribo, é o primeiro característico desta antítese. Na Grécia
antiga, os mistérios elêusicos e órficos são fundamentais para a distinção entre
o sagrado e o profano. A formação de várias sociedades secretas, tais como a
cabala, a rosa-cruz, a maçonaria e a própria teosofia corroboram a tese do
hermetismo e sua veiculação somente aos iniciados.
Allan Kardec, ao codificar a Doutrina dos Espíritos,
preocupou-se em tornar universal a unidade de seus princípios. Para isso,
valeu-se de médiuns espalhados pelo mundo todo. Cuidou, essencialmente, de
apresentar metodicamente o conteúdo doutrinário, a fim de eliminar quaisquer
dúvidas de interpretação, como aquelas ocorridas com os ensinos orais de Cristo.
Deixou claro que o Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será
ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro
acerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto.
A divulgação espírita, para atender aos objetivos da
universalidade, deve ser exotérica. Não resta dúvida que na sua propagação
existem muitos pontos esotéricos, pois a pedagogia evangélica ensina que não se
deve dar pérolas aos porcos, ou seja, a transmissão do conhecimento deve ser
proporcional à compreensão do ouvinte. Contudo, essa forma de entender o
Espiritismo é completamente diferente daquela usada pelas sociedades secretas,
que expõe o conhecimento, somente ao iniciados, reservadamente.
O Espiritismo deve, assim, subsidiar a racionalidade do
nosso pensamento, a fim de que possamos captar um número cada vez maior de
verdades eternas, disseminadas no cosmo.
GIL, F. (Editor). Enciclopedia Einaudi. Lisboa, Imprensa Nacional, 1985-1991.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
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